‘Muito me estranha que eu tenha feito duas questões de ordem que foram indeferidas antes mesmo que eu pudesse apresentá-las’, disse a parlamentar do PSOL
Depois de ter tido a fala interrompida pelo menos quatro vezes desde o começo da CPI do MST, nesta terça-feira, a deputada governista Sâmia Bomfim (PSOL-SP) questionou um suposto tratamento diferente entre homens e mulheres dentro da comissão parlamentar. Só nesta quarta, segundo dia de discussões do colegiado, ela foi cortada pelo menos três vezes por integrantes da oposição.
Muito me estranha que eu tenha feito duas questões de ordem que foram indeferidas antes mesmo que eu pudesse apresentá-las para expor um fato relativo a um relatório final sobre uma chacina. O deputado Valmir Assunção (PT-BA) tenha feito o mesmo levantamento, só que teve uma diferença: eu não pude terminar de fazer a minha fala, mas ele pode terminar de fazer a dele — afirmou a parlamentar, que questionou: — Queria entender por que existe essa diferença de tratamento entre homens e mulheres membros dessa CPI?
Logo que retomou o discurso, a deputada voltou a ser interrompida pelo deputado Éder Mauro (PL-BA), enquanto lia parte do relatório referente à morte de dez trabalhadores rurais em um episódio que ficou conhecido como o Massacre de Pau D’Arco, ocorrido em 2017.
Durante o período de líder, a parlamentar ironizou o comportamento de colegas no decorrer das discussões:
— Gostaria que, diferentemente do dia de ontem (terça), eu não fosse interrompida, não tivesse meu microfone cortado e que meu direito regimental de usar o tempo de liderança do partido fosse, por vossa excelência (o presidente da CPI, o deputado tenente-coronel Zucco), respeitado até o final.
Minutos antes, Mauro se negou a respeitar um pedido da deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) para que os integrantes fizessem um minuto de silêncio em respeito às vítimas de 2017. Na ocasião, Sâmia passou a ler os nomes das vítimas para que os governistas dissessem “presente”, em alusão às suas memórias. Mauro, a partir deste momento, passou a gritar “bandidos”, em resposta aos nomes.