Sônia Guajajara falou sobre a importância dos povos originários, agronegócio e menosprezo às populações indígenas pelo Parlamento
Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, fez um discurso duro, nesta terça-feira (11/4), sobre a importância dos povos originários, agronegócio e o menosprezo às populações indígenas pelo Congresso, alegando que os deputados querem constrangê-la em vez de obter esclarecimentos sobre a pasta.
“Eu não vou me ater a responder essas perguntas, uma por uma, porque eu acho que vocês não querem uma resposta, vocês querem constranger uma mulher indígena, uma deputada federal indígena. É isso que muitos de vocês [deputados] querem aqui”, disse a ministra à Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais da Câmara dos Deputados.
A ministra questionou o deputado Paulo Fernando (Republicanos-DF) sobre quem abandonava crianças nas ruas, se eram os indígenas. “Busque os dados, deputado Paulo Fernando. O senhor não pode se basear em matérias que nos tratam como infelizes, como incapazes, porque isso é racismo”, disparou Guajajara.









Guajajara ainda afirmou que seu papel como mulher indígena e ministra é defender a vida contra ameaças aos territórios. “Nós, povos indígenas, defendemos a vida, e vamos seguir lutando contra a mineração, contra o garimpo ilegal, contra a exploração de madeira, contra a grilagem de terras indígenas e comunidades tradicionais”, ressaltou.
Ela relembrou a tragédia humanitária dentro do território yanomami que, em quatro anos, matou 570 crianças. “Isso é infanticídio”, destacou Guajajara, apontando para a gestão anterior. “Falta de uma política pública adequada, eles morreram pela desassistência”, argumentou.
Agronegócio
Ela acrescentou que não é contra a agricultura, mas que isso deve ser feito com consciência e responsabilidade sobre a produção de alimentos no país.
“Eu não sou contra a produção de alimentos, de forma alguma, mas isso tem de ser feito com responsabilidade na produção e nos sistemas alimentares. Se seguir nesse ritmo de insistir nas monoculturas, o planeta não aguenta mais por 50 anos”, alertou.
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