Crimes como roubo, homicídio culposo, lesão corporal dolosa e estupro tiveram queda; violência contra a mulher cresceu 35%. Após decisão do STF de proibir operações em favelas, número de mortes em operações policiais despencou 73% de maio para junho.
Os índices de criminalidade caíram no estado do Rio durante as medidas de isolamento para conter a pandemia do novo coronavírus. Isso é o que aponta um relatório do Ministério Público que analisa os indicadores da segurança pública, como mostrou o RJ2.
Apesar da queda, os crimes dentro de casa subiram. Na comparação de abril deste ano com o mesmo período de 2019, o número de denúncias de violência contra a mulher cresceu 35%.
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A partir do mês de abril, houve uma diminuição generalizada dos crimes em comparação com os primeiros meses do ano. Com menos pessoas nas ruas, os roubos apresentaram queda, principalmente em bairros que tiveram a taxa de isolamento alta.
Outros crimes, como homicídio culposo – quando não há intenção de matar -, lesão corporal dolosa e estupro também caíram. De acordo com o Instituto de Segurança Pública, os crimes violentos no estado são os menores desde 1999.
Mortes por policiais desabam após decisão do STF
O número de mortes por intervenção de agentes do estado também caiu em junho. Nos primeiros meses do ano, a prática teve um aumento maior do que média dos últimos quatro anos. Mas, após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, de só permitir operações policiais durante a pandemia em “hipóteses absolutamente excepcionais”, a queda chegou a 73,6%, o que representa o menor número desde dezembro de 2015.
Mortos por intervenção de agentes do estado caíram 73% em junho de 2020 no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/TV Globo
De acordo com as polícias civil e militar, a liminar do STF criou uma insegurança jurídica, já que não determinou quais situações poderiam ser consideradas excepcionais, além de ter aberto espaço para atuação de grupos criminosos que disputam territórios.
Ao RJ2, o porta-voz da Polícia Militar, Mauro Fliess, disse que a operação da corporação está reduzida e há uma preocupação sobre a atuação dos criminosos.
“Estamos acompanhando com certa preocupação o incremento de uma disputa territorial por grupos criminosos. Grupos criminosos vem aproveitando essa oportunidade e buscando expandir seu domínio territorial”, disse o porta-voz.
Em um outro relatório, o Ministério Público fez recomendações ao governador Wilson Witzel e aos secretários de Polícia Militar e Polícia Civil sobre a letalidade policial. Os dados apontam que nos últimos quatro anos, o total de mortos foi de 5.400 pessoas. Entre elas, 4.159 era negros e pardos, o que representa 77% das vítimas.
Em quatro anos, 77% dos mortos pelas forças de segurança pública do Rio de Janeiro são negros e pardos — Foto: Reprodução/TV Globo
A promotora Andrea Amin explicou que a diminuição da criminalidade por conta do número de mortes não é comprovada.
“Apenas com base nesse dogma, nessa lenda urbana que todos costumam falar no Rio de Janeiro, que nós matamos porque tem muito bandido, e se a gente não matar aumenta a criminalidade, e como estamos matando essa criminalidade está diminuindo, não se comprova a partir de uma análise cientifica dos dados e dos dados púbicos produzidos pela própria polícia”, destacou a promotora.
Fonte: G1