O parto é um momento único na vida da mulher, daqueles mais esperados. Com o intuito de promover discussões e conhecimento sobre técnicas humanizadas, o grupo Partejar Santista organizou, ontem, a palestra Parto Hospitalar, no Museu da Imagem e do Som de Santos, no Teatro Municipal.
O foco do grupo é preservar a mulher nesse processo, por meio da partilha de vivências e experiências das próprias integrantes do grupo. “Todos os dias, são muitos os direitos das mulheres que são ignorados durante o parto. Já se formou uma cultura em que tudo é feito para beneficiar os procedimentos médicos, facilitar o trabalho da equipe, e muitas dessas intervenções agregam risco para a mãe e para o bebê, como a própria cesariana”, explica a doula Carol Monnerat.
Uma das principais reclamações das integrantes do grupo é relacionada a comportamentos adotados pela equipe médica. “O remédio usado para induzir o parto, por exemplo, faz com que a gestante tenha dores fortíssimas, muito maiores do que durante o trabalho de parto normal, e a gestante não é questionada se quer ter o trabalho de parto naturalmente ou não. A mulher é impedida de se movimentar, ela só pode ficar deitada. Isso é terrível”, diz.
Para as ativistas do parto natural humanizado, a informação e a discussão do tema levam a um conceito de maternidade ativa. Nele, a mulher opta pelo modo como quer que o seu parto aconteça e elabora um plano do procedimento.
“É o resgate do protagonismo da mulher nas escolhas do ciclo de gestação. Também apoiamos mulheres em busca de respostas baseadas em evidências e boas práticas para tudo que se relaciona à saúde e o bem-estar da dupla mãe-bebê”, explica outra ativista do Partejar, Bruna Rubio.
Outra crítica das integrantes do grupo é que um dos direitos básicos da gestante — o de ter acompanhante durante o parto — não é devidamente respeitado, principalmente em hospitais particulares. “É uma coisa que está em vigor há tanto tempo, mas ninguém respeita. Não são todos os hospitais que autorizam tanto o acompanhante quanto a doula”, diz Bruna.
A geógrafa Gisele Nader, de 34 anos, está na 27ª semana de gestação e participou da reunião de ontem, com o objetivo de obter mais informações. “O papo com as várias grávidas vai fazendo você se envolver com o assunto. Será que vão me deixar ter um parto normal?”.
Bem estar – Segundo o grupo Partejar Santista, alguns procedimentos adotados em partos feitos em centros cirúrgicos impedem medidas saudáveis para mãe e bebê, como amamentação na primeira hora de vida e clampeamento tardio do cordão umbilical. No parto humanizado, o bem-estar vem em primeiro lugar: a mulher tem autonomia para decidir como quer parir e a melhor posição. Ela tem o apoio da equipe médica para se movimentar, comer, beber e tomar banho. Pode reduzir a luminosidade do ambiente, ouvir músicas e contar com o suporte do esposo ou de outras pessoas, como a doula (profissional que presta o serviço de assistência no parto).