Ministra afirmou que dependência de combustíveis fósseis é uma ‘contradição’ quando questionada sobre projeto da Petrobras prevê a exploração de jazidas foz do Rio Amazonas. Decisão está sob análise do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o mundo ainda não consegue prescindir do uso de combustíveis fósseis, mas que precisa de uma alternativa limpa.
Segundo ela, os países que podem fazer essa transição mais rápido devem fazê-la, assim como o Brasil.
A declaração foi dada em entrevista ao Em Ponto, da GloboNews, nesta quarta-feira (17) quando a ministra foi questionada sobre a possível exploração de jazidas de petróleo na foz do Rio Amazonas, no extremo norte da costa brasileira, um projeto da Petrobras que atualmente está sob análise do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.
O plano prevê a exploração de petróleo e gás na região, que fica próxima da Ilha de Marajó, no Pará e de Macapá, no Amapá.
No começo de maio, um parecer do instituto recomendou que o governo negasse a autorização para exploração de petróleo na costa desses estados.
Caso seja de fato explorada, ambientalistas defendem que um eventual derramamento de óleo pode ocasionar danos para o meio ambiente e para a população, em ecossistemas como os manguezais e sistemas de recifes.
Questionada sobre a decisão do Ibama, órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, a ministra afirmou ainda que espera o veredicto final do presidente do instituto, que levará em conta o parecer técnico elaborado no mês passado.
“Esse é um processo altamente complexo. Essa é uma região muito sensível. Essa sensibilidade está refletida no parecer dos agentes do Ibama e tudo isso ainda vai ser levado em consideração”, declarou.
Na entrevista, a ministra ainda afirmou que o mundo “precisa de uma alternativa” e repetiu o discurso do presidente Lula de que a Petrobras precisa priorizar a produção de energias renováveis.
A ministra disse que esteve recentemente na China e que os chineses estão “fazendo um esforço muito grande para fazer essa transição”.
“Agora, segundo eles próprios, o que eles têm na matriz energética é algo em torno de 26% a 28% de energias renováveis. Eles dependem do carvão. Isso não muda por decreto, por contrário”, afirmou a ministra.
Ela acrescentou ainda que, na sua avaliação, a Petrobras “tem que deixar de ser uma empresa de exploração de petróleo para ser uma empresa de geração de energia e eu vejo grandes oportunidades nisso”.