Evento ocorre até quarta-feira (14). Objetivo é debater papel da mulher nas aldeias.
Lideranças indígenas de todo o país se reúnem em Brasília nesta semana para a primeira edição da Marcha das Mulheres Indígenas. Neste domingo (11), participantes de diferentes tribos chegaram ao acampamento do evento, montado no gramado da Funarte.
A marcha, organizada pela Articulação Brasileira dos Povos Indígenas (Apib), tem o objetivo de discutir o que é ser mulher nas comunidades indígenas.
A programação prevê debates sobre temas como violação de direitos e empoderamento político, além de shows e caminhadas pelas ruas da capital.
Apresentação de mulheres dos povos Pataxó e Pataxó Hã-Hã-hã-hãe — Foto: Douglas Freitas/Mídia Índia
O tema do evento é “Território: nosso corpo, nosso espírito” e a organização espera a participação de 2 mil pessoas. A abertura oficial ocorreu na sexta-feira (9), quando as participantes deixaram suas aldeias e vieram em direção à capital.
As atividades continuam até quarta-feira (14). Nesta segunda (12), as participantes se encontram com as ministras do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber e Cármen Lúcia.
Mulheres Guajajara Arariboia se apresentam durante Marcha das Mulheres Indígenas
Desafios
Cristiane Julião, da tribo Pankararu, veio da cidade de Tacaratu, em Pernambuco, a cerca de 1,8 mil quilômetros de Brasília. De acordo com a líder indígena, a marcha ajuda a descontruir estereótipos sobre o papel da mulher nessas comunidades.
Cristiane Julião (à esquerda na foto) veio de Pernambuco para o evento — Foto: Divulgação/Apib
“Estamos aqui para construir e plantar a perspectiva de que somos capazes e podemos ir além. Agora é a nossa vez.”
Segundo Cristiane, os papéis de liderança nas comunidades indígenas são majoritariamente ocupados por homens e as mulheres ainda enfrentam descrédito e violência.
“Não considerar a participação da mulher já é uma violência. A partir daí, é muito mais fácil partir para outras agressões”, explica.
1ª Marcha das Mulheres Indígenas — Foto: Douglas Freitas/Mídia Índia
No entanto, ela afirma que o debate tem crescido. “As mulheres estão se empoderando e se percebendo como autônomas nessa discussão. E os homens estão começando a perceber, ou pelo menos a aceitar, nossa presença nesses locais.”