Estudo foi feito pela Famerp, em Rio Preto (SP). Em cinco gestantes o resultado deu positivo mesmo após a carga ter zerado em exames anteriores.
Uma pesquisa desenvolvida pela Famerp, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP), apontou a importância de se fazer mais de uma vez o teste do vírus da zika em grávidas durante a gestação.
O estudo sugere que o resultado negativo obtido em um único exame pode não ser suficiente para tranquilizar familiares e médicos.
“Fizemos um estudo mostrando que o vírus na urina da gestante é de longo prazo e de forma intermitente. O que tem um lado ruim, porque às vezes mostra que é uma doença crônica”, afirma Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade e coordenador da pesquisa, em entrevista ao G1 nesta terça-feira (3).
O trabalho, apoiado pela Fapesp, começou no ano passado, quando surgiram os primeiros casos de vírus da zika em Rio Preto. A pesquisa incluiu 13 mulheres em diferentes estágios da gestação, atendidas no Hospital da Criança e Maternidade de Rio Preto. O estudo será publicado em novembro na revista Emerging Infectious Diseases.
De acordo com o professor, em cinco gestantes o resultado voltou a dar positivo para a presença do vírus mesmo após a carga ter zerado em exames anteriores. Em todos os casos, o causador da doença desapareceu do organismo logo após o parto.
“O que a pesquisa sugere é que um exame pode não ser suficiente, então seria importante repetir mais vezes. Agora a periodicidade dos exames não podemos dar com exatidão porque precisaríamos de um número maior de gestantes na pesquisa”, afirma.
Nogueira aponta que o ideal seria repetir o exame pelo menos mais duas vezes nas gestantes, mesmo nos casos em que o resultado do teste molecular dá negativo. “Costumamos fazer esse tipo de exame com amostras de urina por ser mais fácil de obter e também porque no sangue a carga viral é ainda mais baixa e desaparece mais rapidamente”, diz.
Os casos
Três das mulheres acompanhadas no estudo tiveram bebês com complicações provavelmente causadas pelo zika – dois apresentaram alterações nos testes de audição e um nasceu com um cisto no cérebro. Alguns dos bebês não apresentaram a microcefalia.
Não foi possível estabelecer uma correlação entre o número de vezes que o vírus foi detectado na mãe e a ocorrência de desfechos adversos. “Para isso serão necessários novos estudos com um número maior de participantes”, conclui Nogueira.
Fonte: G1