Abortos inseguros são apontados como um dos fatores, de acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde.
A principal causa de morte de adolescentes do sexo feminino entre 15 e 19 anos são complicações na gravidez, como hemorragia, sepse (infecção generalizada), parto obstruído e complicações decorrentes de abortos inseguros. Os dados são de relatório sobre a saúde dos jovens publicado nesta terça-feira (16) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Já entre meninas de 10 a 14 anos, a principal causa de morte são infecções das vias respiratórias, como pneumonia, muitas vezes resultado da poluição por cozinhar com combustíveis sujos.
Nas duas faixas etárias, tais doenças foram responsáveis por 36,6 mil mortes. Suicídio e mortes acidentais por auto-agressão ficam em segundo lugar, com 32,4 mil registros. Em seguida, doenças diarréicas (32,2 mil), complicações devido ao parto (28,8 mil) e acidentes automobilísticos (26,7 mil).
Elas são parte dos 1,2 milhões de mortes de adolescentes evitáveis por ano. O número equivale a três mil mortes por dia.
Os dados são de 2015. De acordo com a OMS, naquele ano, mais de dois terços dos óbitos foram registrados em países com renda média e baixa na África e no Sudeste Asiático.
A maior parte das mortes poderia ter sido evitada com bons serviços de saúde, educação e assistência social. A OMS destaca que muitos adolescentes que sofrem com doenças mentais, uso de drogas ou má nutrição não têm acesso a serviços de prevenção e assistência.
Os adolescentes estão totalmente ausentes dos planos nacionais de saúde há décadas (…) Investimentos relativamente pequenos voltados para os adolescentes agora vão resultar não só em adultos saudáveis e capacitados que prosperam e contribuem positivamente para suas comunidades, mas também em gerações futuras saudáveis, produzindo retornos enormes.Flavia Bustreo, Diretora-Geral Assistente da OMS
A organização ressalta ainda que muitos comportamentos com impactos na saúde, como falta de atividade física, dieta desequilibrada e comportamentos de risco nas atividades sexuais começam nessa fase da vida.
Meninos
Entre os adolescentes do sexo masculino de 10 a 19 anos, os acidentes de carro são a principal causa de morte (88,6 mil), seguidos por violência interpessoal (42,2 mil), afogamento (40,8 mil), doenças respiratórias (36 mil) e suicídios e mortes acidentais por auto-agressão (34,6 mil).
De acordo com o relatório, “as necessidades de saúde dos adolescentes intensificam-se em contextos humanitários e frágeis”. É o caso de jovens que assumem responsabilidades como cuidar dos irmãos e trabalhar, o que pode levá-los a interromper os estudos, casar cedo e se envolver com prostituição.
“Como resultado, sofrem desnutrição, lesões não intencionais, gravidez, doenças diarréicas, violência sexual, doenças sexualmente transmissíveis e problemas de saúde mental”, alerta a OMS.
A maior parte dos jovens mortos em acidentes em estradas são pedestres, ciclistas e motociclistas. No caso de mortes provocadas por auto-agressão, os índices mais preocupantes são nos países europeus e no sudeste asiático. Os registros são maiores em adolescentes mais velhos.
O documento recomenda intervenções como promover programas de educação sexual integral nas escolas, limitar a idade máxima para consumo de álcool, tornar lei a utilização do cinto de segurança e capacete na via pública, reduzir a poluição no interior da residência, melhorar o acesso à água e incentivar a boa higiene pessoal.
“Melhorar o sistema de saúde que afeta adolescentes é um primeiro passo para melhorar sua saúde. Os pais, parentes e comunidades também têm o potencial para influenciar de forma positiva no comportamento e na saúde do menor”, afirmou o diretor do departamento de infância da OMS, Anthony Costello.
Fonte: HuffPost Brasil