Levantamento analisou quase sete milhões de partos nos anos de 2010, 2011, 2018 e 2019
Um estudo feito pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde, vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontou que pelo menos uma a cada quatro mulheres precisou sair de seu município para dar à luz em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento levou em conta mais de 6,9 milhões de partos nos intervalos de 2010 e 2011 e 2018 a 2019.O problema é mais grave nas regiões Norte e Nordeste, as mais pobres do país, e mostra que as gestantes percorrem as maiores distâncias (entre 57km e 133 km) e enfrentam mais dificuldades de acesso (entre 54 e 355 min).
“Para efeito de comparação, no Sudeste e no Sul do Brasil, essas viagens costumam ser bem menores: elas podem variar entre 37 km e 56 km, durando entre 38 min e no máximo 52 min”, destacou a coordenadora do estudo, Bruna Fonseca.
Ainda segundo Bruna, embora algumas políticas busquem reduzir a distância das viagens, elas não definem as referências específicas para o que é de fato a distância e o tempo aceitável para dar à luz.
A regulamentação atual do SUS estipula uma taxa de 0,28 leitos obstétricos para cada 1.000 habitantes dependentes do SUS, mas, existem diferenças regionais, assim como etária, e de fecundidade.
O estudo também mostrou que mulheres que enfrentaram óbito materno e/ou neonatal viajaram por distâncias e tempos maiores para dar à luz no SUS.
Enquanto as mulheres com resultados normais no parto viajaram 74,9 km ou 85 minutos, elas viajaram 94,0 km ou 100 minutos, durante o último período analisado (2018-2019) pela pesquisa.
A pesquisa também teve participação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Os dados usados são agregados nacionais do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS e os cientistas estimaram os fluxos de viagens, distâncias e tempos entre os municípios de residência das mulheres e os hospitais.
A CNN procurou o Ministério da Saúde para comentar a respeito e aguarda retorno.
Fonte: CNN Brasil