O desemprego e a alta nos preços dos alimentos estão entre as principais consequências da crise gerada pela pandemia de covid-19, trazendo de volta a insegurança alimentar e a fome em diversas regiões do país. Em Porto Alegre (RS), a educadora social e sanitarista Daiana Santos, preocupada com as mulheres chefes de família, criou um fundo de apoio para aquelas em situação de vulnerabilidade nas periferias da cidade.
“A gente percebe que quase metade dos lares brasileiros é chefiada por mulheres e, com o agravamento da crise econômica, elas ficaram sem trabalhar e suas famílias começaram a passar necessidades, mas estavam fora do radar de ajuda. Foi aí que o Fundo das Mulheres POAfoi criado”, explicou a fotógrafa Cristiane Leite, que entrou no projeto em abril de 2021, pouco depois da sua criação.
Apoio para mulheres desempregadas
Antes de entrar para o coletivo, era Daiana quem fazia doações pontuais para essas famílias por meio de um projeto de que participava na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). “Com a pandemia, o Fundo nasceu para fazer arrecadação e entregas de suprimentos básicos de higiene e alimentação constantes para essas mulheres’, explicou a fotógrafa.
A primeira ação foi possível por meio de uma vaquinha online. Depois, o projeto passou a receber doações em um ponto de coleta na Biblioteca Visão Periférica, no bairro Morro Santana, região central da cidade. Além dele, o Fundo também recebe doações pelo PIX.
“Esse modelo funciona bem porque muitas vezes as pessoas não conseguem se deslocar por grandes distâncias para doar, e assim a gente consegue centralizar as doações para depois fazer a entrega”, conta Cristiane. Foi assim que elas garantiram a continuidade das doações durante o rigoroso inverno do ano passado, por exemplo.
Coletivos colaboram
Além das arrecadações, o Fundo conta ainda com a colaboração de coletivos e voluntários que se unem ao projeto temporariamente para oferecer algum tipo de ajuda. A fotógrafa é um exemplo de parceria que chegou para ficar. Ela conheceu o projeto logo no início, por meio das redes sociais, e quis se juntar a eles oferecendo serviço de fotografia.~
Ela conta que, quando a pandemia começou, estava em casa somente observando o que estava acontecendo, pois o trabalho de fotógrafa estava parado por causa da orientação de quarentena. Logo percebeu que muitos projetos sociais estavam surgindo, mas ela mesma não sabia ao certo a real situação dessas pessoas que precisavam de ajuda. “Foi quando eu senti a necessidade de estar mais perto e fotografar para levar essa realidade às pessoas que se negam a acreditar no que estamos passando. É tocante, e eu espero que mais pessoas se sintam mobilizadas e iniciem um movimento de ajuda”, conta.
No ano passado foram oferecidos, por meio dessa parceria, serviços de elaboração de currículo para desempregados e ajuda com artes e logomarca para pequenas empresas que precisavam se reposicionar no mercado durante o período. Cristiane conta que essa ação teve que ser encerrada por falta de voluntários, mas que outras iniciativas neste sentido são bem-vindas ao projeto.
Capacitação e recolocação no mercado
Durante a pandemia, Daiana se elegeu vereadora na cidade e se afastou da direção do projeto, que hoje é tocado pela Cristiane. Cerca de 2500 famílias foram ajudadas em 2021 pelo Fundo das Mulheres POA.
Para este ano, o projeto continua com arrecadação na Biblioteca e distribuição mensal de suprimentos, mas pretende atrair novos voluntários e parceiros que possam oferecer ajuda com serviços de recolocação no mercado, seja anunciando vagas ou ajudando na elaboração de currículos e na formação das pessoas.
Como ajudar
Para conhecer mais sobre o Fundo das Mulheres POA, acesse o perfil do projeto no Instagram. O Fundo recebe doação em dinheiro de qualquer valor por meio do PIX (chave e-mail): fundodasmulherespoa@gmail.com. O ponto de coleta de itens é na Biblioteca Visão Periférica, que fica na rua 5, n°5. Vila da Laranjeiras – Morro Santana, Poto Alegre.
Fonte: UOL