A estagiária Gabriela Agustini, de 24 anos, decidiu reciclar o próprio lixo e achou a tarefa mais difícil do que parecia
Por Gabriela Agustini
Sabe o que acontece com todos os potes, caixas vazias, jornais velhos e folhetos de anúncio? Vão para o lixo, certo? E lixo a gente coloca em um saco, amarra, deixa para o funcionário do prédio recolher e fazer chegar ao caminhão da prefeitura, que desaparece com ele, não é isso? Esse processo é tão automático que, para ser sincera, nunca havia pensado na quantidade de tranqueiras que descartamos diariamente. Até que aceitei o desafio da redação de responder à pergunta “Quanto lixo você produz?”
Sem saber por onde começar, dei um Google e caí no Teste da Pegada Ecológica (http://ecofoot.org/), que calcula a quantidade de “natureza” necessária para manter os hábitos cotidianos de cada um. Achei bom medir minha postura antes de colocar as mãos na massa. Fiquei boquiaberta com o resultado. Segundo o site, se todos seguissem o meu estilo de vida, seria preciso nada menos que 6,8 planetas Terra para suportar impacto. Isso sem falar no consumo de água, combustível, luz. No entanto, moro longe para ir trabalhar a pé, não consigo acordar sem ligar o som. Banho frio? Nem morta! Sobrou, então, o lixo.
Enviei na hora um e-mail às duas amigas com quem divido o apartamento, pedindo que não retirassem os sacos da área de serviço. A idéia era deixá-los acumulando durante uma semana para que eu tivesse noção da quantidade de resíduos que produzíamos. Sete dias depois… o susto: cinco sacos de 30 litros impediam nossa passagem até a lavanderia. Isso significa que, em um mês, juntaríamos cerca de 160 litros.
Vesti um par de luvas de borracha para descobrir o que tanto descartamos. Vasculhando aquele material nojento, uma profusão de embalagens, além de sacolinhas com lixo orgânico, não paravam de surgir. Impressionante como cada compra vem com uma parafernália de “acessórios” que passam despercebidos.
Conversei com as meninas e tomamos a decisão: reciclar. Compramos uma nova lixeira para isolar os restos orgânicos dos inorgânicos (latas, garrafas, plásticos, papéis), que seriam colocados em saquinhos diferentes, lavados, para deixá-los mais limpos e fáceis de dividir.
Disse fácil? Não foi. Confundíamos os sacos ou jogávamos tudo no mesmo, por distração. E as dúvidas não paravam. Os frascos vazios de produtos de limpeza também são lavados? Bandeja de isopor vai aonde? Mesmo assim, saber que estava reciclando me dava uma sensação de “missão cumprida”. Qual não foi minha surpresa ao constatar, após 15 dias, que não havíamos diminuído o lixo.
Arrastei, frustrada, os sacos para a garagem do prédio, enquanto pensava em como obter resultados melhores. A internet me daria a resposta. Bastou uma rápida pesquisa para achar idéias como preferir produtos duráveis a descartáveis, doar jornais e revistas, levar a ecobag às compras, reaproveitar caixas como as de sapatos e valorizar objetos recicláveis.
Em um manual, li que, no início, não devemos sair reciclando tudo, ou podemos ficar desmotivadas. Também descobri que não preciso separar papel, metal, vidro e plástico em saquinhos diferentes. Se colocar todos eles higienizados em um só, já está de bom tamanho. Essas informações me deram fôlego novo para reduzir o lixo. E, o melhor, ganhei a consciência de que ele não desaparece num passe de mágica e que os problemas do meio ambiente também me dizem respeito.
Fonte: Planeta Sustentavel.