Uma situação injusta vai levar muito tempo para ser corrigida: a diferença de salários entre homens e mulheres. Uma pesquisa mostrou que vai demorar 80 anos para elas ganharem o mesmo que eles. Igualdade de salários só em 2095.
Ronda Rousey. Mega lutadora de UFC, um fenômeno que deixou o Brasil boquiaberto. Número um do ranking mundial entre as mulheres. Ganha um terço do que um campeão de UFC masculino ganha.
Merryl Streep. Superatriz de Hollywood. Recordista de indicações ao Oscar, o prêmio máximo do cinema. Ganha menos da metade do que os atores mais bem pagos.
Num ranking mundial que analisou a desigualdade de salários em 142 países: o Brasil ficou entre os últimos colocados: na posição 124.
O Brasil não tem nenhum motivo para se orgulhar quando falamos de igualdade salarial entre homens e mulheres. Os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as brasileiras ganham, em média, 76% da renda dos homens. E um estudo mundial alerta que essa igualdade tão desejada por nós vai demorar a chegar: só em 2095.
Como vencer essa desigualdade?
“Certamente se ela já teria sido desfeita ou minimizada”, diz Sônia Giacomini, antropóloga da PUC-RJ.
Na lei a igualdade já existe. A Constituição brasileira proíbe diferença de salário e discriminação nas contratações. Mas muita vezes é justamente na contratação que a desigualdade começa.
“A mulher também nas funções básica do trabalho, já ganha menos que o homem”, diz Felipe Santa Cruz, presidente da OAB-RJ.
“As mulheres têm dificuldade de se inserir no mercado. E quando ela entra, ela entra com um rendimento mais baixo que o dos homens”, afirma Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
E quanto maior a escolaridade da mulher, maior é essa diferença. Trabalhadoras com curso superior completo recebem em média 60% da renda dos homens com o mesmo nível. E qual seria a reação se essa diferença de salário virasse um desconto pras mulheres? O Fantástico fez o teste em um restaurante do Rio de Janeiro. Se no Brasil elas ganham em média 24% menos, vão pagar menos 24% na hora do almoço.
Nos Estados Unidos, uma loja de arte lançou a campanha: “Pague quanto você recebe”.
Na cidade americana, assim como no Brasil, as mulheres também ganham 24% menos que os homens. Por isso, tiveram esse desconto sobre todos os produtos.
“Foi uma maneira divertida e leve de tratar um assunto tão sério como esse”, diz Elana Schlenker, criadora do “Less Than 100”.
O governo brasileiro reconhece que a desigualdade entre os salários precisa ser vencida.
“De que depende pra mudar isso? Depende de políticas públicas que estimulem a participação das mulheres, a quebra do preconceito no mundo das organizações internas no trabalho para acabar de vez com o preconceito de que mulher não pode ser chefe, de que mulher não pode ocupar cargos de direção” afirma Eleonora Menicucci, ministra da Secretaria de Política para as Mulheres..
Silvia de Mello já trabalhou em duas multinacionais. Hoje, é diretora de vendas, e forma novas lideranças numa empresa de cosméticos. “De fato eu não vivi isso e não presenciei esse tipo de descriminação salarial. Diferença entre homens e mulheres de mesmo cargo”, diz Silvia.
Ela é uma exceção. E vai continuar sendo. Enquanto o mercado de trabalho não reconhecer que homens e mulheres tem o mesmo valor.
“Que seja repensada essa ideia de que existe um trabalho feminino, específico, o qual a mulher seria capaz de realizar. Ou seja, as mulheres são igualmente vocacionadas como os homens a todos os tipos de função”, defende a antropóloga Sônia Giacomini.
Veja o vídeo que foi ao ar no Fantástico