Ontem foi comemorado o Dia Internacional da Mulher e apesar da opressão de gênero atingir a todas, há nuances nessa situação, incluindo a racial. Dados do IBGE mostram que as mulheres brancas ganham 70% a mais que as negras. Enquanto a média salarial das brancas é de R$ 2.379 a das negras é de R$ 1.394, o menor salário na comparação entre mulheres brancas, homens negros (R$ 1.762) e homens brancos (R$ 3.138).
As condições de vida das mulheres brancas também são superiores as das negras, evidenciando a necessidade de políticas públicas para essa parcela da população feminina. Enquanto 9,4% das brancas não têm acesso ao abastecimento de água, esse percentual é de 13,9% entre negras. No quesito coleta de lixo, a diferença entre brancas e negras é de, respectivamente, 3,7% e 8,8%. Quanto ao adensamento excessivo, que é a ocupação de um espaço por um número maior de pessoas do que o indicado, 7,7% das brancas sofrem com essa situação em comparação a 11,9% das negras.
Em entrevista à Globonews, a economista Gabriela Mendes destacou que a situação das mulheres negras é reflexo de uma questão histórica do Brasil. Mendes ressaltou que, ao longo da história, mulheres negras vêm ocupando os postos de trabalho mais precarizados. E, embora as mulheres, atualmente, estejam estudando mais que os homens, esse esforço delas não é ainda reconhecido pelo mercado de trabalho. A economista explicou que o resultado dessa situação precária das mulheres é a sobrecarga, com a dupla jornada de trabalho profissional e doméstico, já que, com baixos salários, essas mulheres não tem com quem deixar seus filhos e a casa, resultando num movimento de intensa exploração delas.
Fonte: Carta Capital