Uma das missões do ‘A Endometriose e Eu‘ é que as endomulheres brasileiras tenham o diagnóstico precoce. A média mundial para uma mulher ter o diagnóstico da endometriose é de 7 a 12 anos, ou seja, muito tempo. Eu sofri 18 anos com as dores severas até descobrir o que tinha. Infelizmente a maioria das portadoras passa por isso. Hoje vou falar sobre o diagnóstico tardio e o que podemos fazer para tentar diminuir esta quase uma década de atraso. Infelizmente ainda somos obrigadas a escutar que “sentir cólica é normal”, “ninguém sente tanta dor no período menstrual”, “a dor que sentimos é frescura”, “quando casar passa” e por aí vai. O que podemos fazer para que haja no Brasil o diagnóstico mais precoce? Vou listar alguns tópicos que acho relevante passar para vocês:
– Informação. A informação correta sobre a doença é uma grande aliada contra a ignorância das pessoas. Saber exatamente o que é a doença e quais seus principais sintomas podem ajudar alguma mulher que tenha a doença, mas que ainda não sabe. Mesmo a mulher que hoje não tem endometriose tem a obrigação de se informar e passar adiante a palavra endometriose. Como o nome da doença não é tão fácil de falar (muitas pessoas engasgam ao pronunciá-la). com certeza vai ficar na memória. Isso é um ato de solidariedade para com o próximo. Campanhas sobre a doença são uma forma de passar a palavra adiante.
– Não se entupir de remédios quando a cólica não passar com apenas um analgésico. A cólica dita como “normal” tem de melhorar com apenas um remedinho. Nada de tomar comprimidos e mais comprimidos, como eu fazia.
– Se você conhecer alguém que esteja tentando engravidar há anos é bom falar a palavra endometriose. Mais uma vez a informação conta muito.
– Se a mulher tem alguém na família com endometriose fique atenta aos primeiros sintomas. Há sete vezes mais chance de uma mulher que tenha parente de primeiro grau com a doença desenvolver endometriose.
– Outro ponto importante para o diagnóstico precoce é observar as adolescentes. Elas são a nova geração de portadoras. Qualquer sinal de suspeita da doença comunicar imediatamente o médico ginecologista ou aquele de confiança da família. Já contei no blog que a minha endometriose foi descoberta pelo meu proctologista. Cerca de 70% das adolescentes com dismenorreia que não melhoram com analgésicos têm endometriose. Confesso que acho esse número alarmante. Mais atenção às endomamães que têm filhas.
– Em minha opinião, toda mulher deveria comentar com seu ginecologista se ele conhece a doença. Não custa perguntar. Muitos até poderão dizer que sabem (mesmo aqueles que nunca ouviram falar da doença). Bom daí você vai perceber pelo semblante, se ele vai enrolar pra dizer, se vai gaguejar e tal. É aí que entra a capacitação do profissional para detectar a doença. Em especial de imagens. Precisamos de mais profissionais (médicos e radiologistas) que entendam corretamente sobre a doença.
A meu ver a informação é de extrema importância. Passar adiante a palavra endometriose poderá salvar muitas vidas femininas do sofrimento. Não tenha vergonha de comentar com amigas, com parentes ou com quem quer que seja. Faça a sua parte. Não podemos ser egoísta. Pense no próximo! Já pensou se esse próximo fosse você? E se você acaba de descobrir que é portadora não se desespere e informe-se. Beijo carinhoso!
Fonte: Estadão