Mães de crianças com microcefalia realizaram, na manhã desta segunda-feira, um protesto no Centro do Rio. Cansadas do descaso do poder público e das falhas no atendimento e no fornecimento de remédios para as crianças, elas se uniram para se fazer ouvir. Munido de cartazes com frases como “Toda criança tem direito à saúde o tempo certo”, o grupo caminhou do Ministério do Trabalho, na Avenida Presidente Antônio Carlos, até a escadaria da Assembleia Legislativa.
Somos um grupo com aproximadamente 200 mães. Apenas cerca de dez conseguiram ir à manifestação e isso já reflete nosso dia a dia. Muitas crianças estão resfriadas, com pneumonia, pois têm baixa imunidade. E muitas mães não têm dinheiro para a passagem. Demora cerca de três a quatro meses para se conseguir um passe especial — relata a geógrafa Vanessa Godoy Caldas, de 33 anos, mãe de Dimitri, de 1 ano e nove meses.
Vanessa teve zika durante a gravidez e, ao nascer, Dimitri foi diagnosticado com microcefalia e paralisia cerebral.
— A epidemia de zika passou e, embora ainda estejam nascendo crianças com microcefalia, as autoridades fazem parecer que está tudo bem e que as crianças estão todas sendo atendidas. Não é verdade. Temos que matar um leão por dia. Estamos à deriva — diz Vanessa, que se emociona ao contar sua luta para conseguir reabilitação para o filho. — Para o Estado, parece que somos pedintes. Mas esse problema todo da microcefalia aconteceu por falta de saneamento básico, por falha do poder público. E agora eles não nos dão apoio. Eu e meu filho somos vítimas dessa situação.
Desde novembro do ano passado, ela tenta terapia com fonoaudiólogo para o filho:
— Após quatro pedidos de encaminhamento, com dois direcionamentos a uma unidade que não atende crianças menores de 5 anos, finalmente consegui consulta para 28 de novembro. Um ano é tempo demais para essas crianças!
Fonte: Extra