Tenho falado com frequência da falta de representatividade preta nessas eleições, sobretudo nas chapas majoritária para presidente da República, mostrando a despreocupação e o desrespeito, para não dizer o racismo camuflado e institucionalizado, que não salva nenhuma das instituições brasileiras como, por exemplo, os partidos políticos.
Como minha responsabilidade aqui é falar sobre diversidade nessas eleições e isto inclui também outras “minorias”, vamos falar da questão feminina, embora mulheres signifiquem a maioria da população (51%) – portanto, poderia chamá-las de “maiorias minorizadas”.
E como elas aparecem neste pleito? A resposta é simples: não aparecem!
Das pré-candidaturas que se apresentaram para concorrer ao Palácio do Planalto, existe apenas uma mulher: a senadora pelo MDB Simone Tebet. Ela não está sozinha hoje nos avanços femininos, onde temos mulheres no Supremo e até como ministras em um governo que não tem nenhum apreço por diversidade.
Fora isso, não podemos esquecer que já tivemos até uma presidente da República. Porém, o lugar de mulher na política ainda é um determinado por uma maioria esmagadora de homens brancos que dominam o cenário e determinam esse lugar delas nesses espaços de poder mesmo quando é para elas mandarem.
Encerro essa reflexão lembrando algo que parece um detalhe, mas não é. Talvez seja um indicativo da presença feminina em espaços políticos de poder e na gestão pública: nos últimos 20 anos, o Rio de Janeiro foi administrado por vários governadores e todos foram parar na cadeia por envolvimento ou suspeita de corrupção.
Nesses 20 anos, a única pessoa que teve assento no palácio das Laranjeiras e não foi presa por conduta indevida foi uma mulher negra. Benedita da Silva.
Fonte: CNN Brasil