Mobilização política eleva igualdade de gênero como uma das prioridades da agenda pós-2015
“Queremos igualdade de gênero e queremos agora!”. Assim, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, e uma multidão deram início a uma marcha promovida pelas Nações Unidas e pela prefeitura de Nova York, para celebrar o Dia Internacional da Mulher. Milhares enfrentaram o frio de 5° C e caminharam na tarde de domingo, 8 de março, pelas ruas da região central de Nova York, cidade “pioneira” na luta pelos direitos das mulheres, como lembrou a primeira-dama Chirlane McCray.
A primeira-dama de Nova York lembrou a marcha ocorrida em 1908, quando 15 mil mulheres caminharam pedindo melhores salários e direito de voto. Já o secretário-geral da ONU fez um pronunciamento e pediu que a igualdade de gênero esteja no topo da agenda internacional. Ban Ki-moon falou que progressos importantes foram feitos desde a adoção, há 20 anos, da Declaração de Pequim, um documento modelo sobre autonomia feminina.
Mas na avaliação de Ban, os progressos estão lentos e desiguais. Ele quer que a igualdade de gênero seja alcançada até 2030. A Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW), iniciou sua sessão anual na manhã de segunda-feira, 9 de março, na sede das Nações Unidas, em Nova York. Na Assembleia Geral, o secretário-geral abriu os discursos dizendo que 2015 é um ano vital para avanços na igualdade de gênero. Ban Ki-moon destacou que as mulheres continuam sofrendo de forma desproporcional com a crise econômica, com os impactos da mudança climática e com deslocamentos causados por conflitos.
Para o chefe da ONU, é importante reconhecer o “papel crucial dos homens na mudança de mentalidades”. Ban disse que no século 21, “homens poderosos de verdade são aqueles que acreditam e trabalham pelo empoderamento feminino”. O secretário-geral condenou também “grupos extremistas que continuam atacando mulheres e meninas de forma sistemática” e afirmou que a campanha da ONU “UNite” continuará lutando pelo fim de todas as formas de violência de gênero.
Ao longo da semana, representantes de governos, da sociedade civil e da ONU estiveram na sede da organização debatendo diversas questões relacionadas à igualdade de gênero e combate à violência a mulheres e meninas. A secretária-executiva da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Brasil, Linda Goulart, declarou que violência contra mulheres é uma das principais preocupações do governo, não só no Brasil, mas também no exterior.
Em entrevista à Rádio ONU, ela mencionou um serviço chamado “Ligue 180″. Segundo a secretária-executiva, “a mulher pode ligar para esse número e a denúncia é feita imediatamente aos órgãos responsáveis. E este número inclusive, foi expandido para 15 países. Nós antes atendíamos Portugal, Espanha e Itália e agora nós estamos atendendo mais 12 países. Isso mostra que estamos preocupados em atender as mulheres tanto do Brasil, como as mulheres brasileiras no exterior também.”
A secretária-executiva disse que ao receber a denúncia, a Secretaria entra em contato com as autoridades da polícia federal e num trabalho conjunto com o Ministério das Relações Exteriores, faz contato com a polícia do país de onde a denúncia foi feita, para que juntos possam proteger a mulher e prender o agressor.
A ex-secretária de Estado norte-americana participou de num evento com líderes empresariais, de governos e da sociedade civil na sede das Nações Unidas. Hillary Clinton afirmou que, apesar dos obstáculos, este é o melhor momento na história para se nascer do sexo feminino.
A atriz americana Geena Davis afirmou que “a igualdade de gênero nos filmes e programas de TVs para crianças vai levar 700 anos para ser alcançada se a tendência das últimas duas décadas for seguida”. Davis participou de um debate sobre as “Mulheres e a Mídia” coordenado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, na sede da ONU, em Nova York.
No evento paralelo a 59ª sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, a atriz disse que a “escassez de personagens femininos em shows para crianças menores de 11 anos pode ser resolvida da noite para o dia”. Ela fundou o Instituto Geena Davis sobre Gênero na Mídia. Segundo a atriz, dados de pesquisas feitas pela organização mostram resultados “perturbadores de como “são poucos os personagens femininos nos filmes que têm como alvo as crianças”.
A 59ª sessão da CSW acontece na sede da ONU em Nova York até o dia 20 de março com representantes de governos, de agências das Nações Unidas e da sociedade civil.
Fonte/ Foto: Onu Mulheres