“O mutirão trouxe agilidade e facilitou a vida das mulheres que precisam de ajuda. Espero que tudo ocorra na medida desejada”, afirmou Rosimere Santos, 47 anos, minutos antes de ingressar para realizar sua cirurgia de reconstrução mamária no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco.
A paciente é uma das beneficiadas em um dos mutirões que hospitais da rede Ebserh têm desenvolvido neste Outubro Rosa, em parceria com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Após o procedimento, as participantes continuarão sendo assistidas ao longo de seus 3 meses de recuperação pelo Ambulatório de Cirurgia Plástica do HC.
O Complexo Hospitalar de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) reservou três salas do centro cirúrgico somente para participar da ação nacional. A reconstrução mamária pode ser feita através da técnica de colocação de próteses ou pela colocação de tecido do próprio paciente, geralmente retirado do abdômen ou das costas. Estes procedimentos são necessários nos casos em que as pacientes, devido ao câncer, tiveram a mama extirpada e, por conta disso, podem desenvolver problemas psicológicos.
Melhora na autoestima
Quem está empolgada é Adivani Gonçalves, 45. Ela coloca a cirurgia no HC da UFPR como um marco para mudar de vida. Emocionada, conta que, enquanto outras usam o lenço na cabeça, ela encobre o peito. “Se você tiver um parente na família que teve câncer, faça o exame”, alerta Adivani, que perdeu sua tia vítima da mesma doença.
Em Fortaleza, o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) realizou, na segunda (24) e na quarta (26), a reconstrução mamária de mulheres mastectomizadas (que retiraram uma ou ambas as mamas em razão do câncer de mama) com o objetivo de zerar a fila de espera de pacientes de reconstrução tardia. As participantes já tinham realizado previamente todos os exames necessários.
No HC da Universidade Federal de Goiás, a iniciativa começou na segunda e segue até sábado (29) com o mesmo objetivo. Responsável pela realização das cirurgias de reconstrução mamária no HC-UFG, o cirurgião plástico e membro da SBCP, Aloísio Garcia de Souza, ressalta que o procedimento é fundamental para a mulher retomar sua autoestima, que fica muito abalada após a retirada da mama.
“Cerca de 30% das mulheres perdem o casamento depois que precisam retirar uma de suas mamas”, relata o especialista. “A reconstrução mamária contribui significativamente para a vida da mulher nos aspectos psicológico, social, familiar e sexual, por isso hoje a plástica está aliada ao procedimento de mastectomia”, ressalta.
Em Aracaju, no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, a iniciativa também teve início no começo da semana e segue até sexta (28). Já no sábado, o Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), em Vitória (BA), também realizará seu mutirão. As mulheres atendidas pelas duas unidades já são pacientes das unidades hospitalares e o objetivo é diminuir a fila de espera da unidade.
O cirurgião oncológico do HU-UFS, Carlos Anselmo Lima, faz parte da iniciativa. Ele, que trabalha com informações sobre o câncer desde 1998, é o responsável pela coordenação do Registro de Câncer de Base Populacional de Aracaju.
“Excluindo-se o câncer de pele, o câncer de mama tem hoje a maior incidência registrada. Usamos estimativas para estudar os casos em determinado período. A última análise apontou que, em mulheres, os tipos mais comuns de câncer são de mama, tireoide, colo uterino, colorretal e cavidade oral”, informa.
Realidade no Brasil
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o Brasil registra cerca de 50 mil casos de câncer deste tipo. Desses, em torno de 12 mil pacientes morrem após o diagnóstico. Dos outros 38 mil, cerca de 5 mil conseguem fazer a reconstrução mamária pelo convênio ou plano de saúde, enquanto mais de 30 mil mulheres dependem da rede pública para o procedimento.
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh com informações dos hospitais
Fonte: Blog da Saúde