A deputada Aspásia Camargo abriu um debate direto com a população através da Internet. A cada quarta-feira, um novo tema direciona o Hangout transmitido ao vivo pelo Youtube, com a participação de convidados especiais e do público. Na última edição, realizada no dia 16 de julho, o tema foi Universalização do Saneamento, O Desafio do Século 21.
Além de descrever o cenário de atraso do Brasil e do Rio de Janeiro na corrida por serviços de água e esgoto mais eficientes, o evento apresentou o relatório de três anos da Comissão de Saneamento Ambiental da Assembleia Legislativa, presidida por Aspásia Camargo, cujo objetivo principal é traçar os princípios estratégicos para que o Governo do Estado institua uma política de saneamento que substitua o modelo atual, em que a principal operadora do sistema, a CEDAE, monopoliza serviços que não é capaz de prestar.
Baía de Guanabara – Na pauta do debate, foram levantadas questões vitais para o Rio de Janeiro, como a despoluição da Baía de Guanabara. Já virou lugar comum a desqualificação do corpo hídrico como palco dos jogos olímpicos, dada a poluição persistente e uma aparente inércia dos governantes para reverter a situação. Mas o debate tocou num ponto crucial: como falar em despoluição da Baía se ela recebe o desagúe de rios imundos que vêm da Baixada Fluminense, onde as cidades possuem índices de tratamento de esgoto que mal chegam a 5% do total?
Rocinha – A instalação das redes de esgoto nas comunidades do Rio, que abrigam 22% de sua população, continua sendo um grande obstáculo para a universalização do saneamento no município e em toda a Região Metropolitana. O caso da Rocinha, como lembrou Aspásia, é emblemático: a comunidade foi às ruas, em junho do ano passado, período das manifestações, pedir prioridade a essa infraestrutura. Enquanto o Governo reserva milhões para investir em um teleférico, os moradores vêm debatendo a proposta da segunda fase do PAC na comunidade, que inclui o saneamento.
O avanço é inegável, mas alguns pontos do programa estão gerando polêmica, como a desativação da Unidade de Tratamento de Rios (um investimento recente de R$16 milhões). Discuti-se sua transformação em uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) primária, para diminuir a carga orgânica no emissário de Ipanema, a exemplo do que ocorre na Barra da Tijuca. Outro ponto controverso é que a rede não irá chegar até às casas, o que indica que apenas 30% do projeto será executado.
Os valões serão oficializados como meio de transporte do esgoto até a parte plana de São Conrado e o receio geral é de que os moradores continuem jogando lixo rio abaixo, já que essa é a maneira mais rápida de retira-lo de suas portas. O longo percurso da água poluída até o emissário de Ipanema é um indicador de que os já frequentes vazamentos de esgoto in natura no Costão da Avenida Niemeyer vão continuar, pelo menos em dias de chuva, já que toda a estrutura está sendo preparada para tempo seco.
Uma vistoria da Comissão de Saneamento Ambiental no início de 2014, em São Conrado, pôde verificar os canos velhos que se rompem na pedra, despejando matéria orgânica sem nenhum tratamento, a pouco metros de banhistas e surfistas. Fora isso, chama atenção a abertura que os moradores chamam de “boca negra”, que nada mais é do que o fim da galeria extravasora que vem da comunidade, uma espécie de “descarga” de 100 mil pessoas que manda o esgoto direto para o mar.
Emissário de Ipanema – O emissário de Ipanema foi a polêmica da semana. A ausência de um peneiramento obrigatório de objetos maiores, que podem vir com a matéria orgânica líquida, é hoje uma grande ameaça à biodiversidade do local, que é bem próximo às Ilhas Cagarras. O emissário recebe os dejetos de 15 bairros da Zona Sul do Rio, região que não dispõe de uma ETE para tratamento primário, desrespeitando a Lei Estadual 2.661/1996 que torna obrigatório este primeiro tratamento antes que a água poluída chegue ao mar.
Desperdício de água – Um outro dado vergonhoso para o Rio de Janeiro, discutido no Hangout, foi o desperdício de água da Cedae, um dos maiores do pais, possivelmente do mundo: cerca de 50% da água capturada pela Estação de Tratamento do Guandu não chega a seu destino, perdendo-se em canos mal conservados, talvez em gatos. O índice de consumo per capta de cada habitante do Rio de Janeiro por dia é 220 litros de água. Na Europa, esse número não passa de 150. O próprio dado de desperdício de água tratada lá fora, quando chega a 15%, é considerado vergonhoso.
O Hangout com a deputada Aspásia Camargo acontece todas as quartas-feiras, às 20h. Você pode participar enviando perguntas e comentários que serão lidos e respondido no ar. O próximo encontro será divulgado em breve. Marque na agenda: quarta-feira, 23 de julho, às 20h!
Fonte: aspasiacamargo.com.br