O questionamento sobre por que não há mais mulheres apresentando seus trabalhos em mesas, painéis e outros eventos de diversas áreas do conhecimento chegou à academia e aos meios profissionais há alguns anos.
Desde 2015, iniciativas como o Tumblr “All Male Panels”, que se dedica a dar um “selo” negativo a programações compostas exclusivamente por especialistas homens, chamam atenção para a invisibilidade de mulheres nesses espaços.
O site “Mulheres Também Sabem”, lançado no dia 26 de junho por um grupo de profissionais e acadêmicas brasileiras das ciências humanas, é uma nova iniciativa de combate à desigualdade no espaço de fala concedido a especialistas mulheres e homens.
O objetivo do projeto é “reduzir o viés implícito e explícito que existe contra as mulheres nessas disciplinas” por meio da promoção do trabalho de mulheres especialistas. “Nosso mecanismo de busca permite que profissionais da academia e da comunicação identifiquem e contatem mulheres especialistas que se dedicam à pesquisa em uma variedade de tópicos relacionados às Ciências Sociais, Sociais Aplicadas e Humanidades”, segundo o site.
As especialistas estão separadas por áreas, como Teoria Política ou Economia Internacional. Novos campos e nomes serão acrescentados à medida em que especialistas se cadastrarem por e-mail. Além das áreas, também é possível buscar termos específicos e palavras-chave do assunto para encontrar sua especialista.
Inspirado na versão americana “Women Also Know Stuff”, o site afirma que “é preciso superar a ideia equivocada de que os especialistas são convidados com base exclusiva no ‘mérito’: consciente ou inconscientemente, existe uma tendência de que estes eventos excluam mulheres igualmente ou mais qualificadas que os homens selecionados”.
Inspirado na versão americana “Women Also Know Stuff”, o site afirma que “é preciso superar a ideia equivocada de que os especialistas são convidados com base exclusiva no ‘mérito’: consciente ou inconscientemente, existe uma tendência de que estes eventos excluam mulheres igualmente ou mais qualificadas que os homens selecionados”.
Painel masculino
Apesar de intervenções e críticas relativas a eventos nos quais todos ou quase todos os participantes são homens já acontecerem há alguns anos, uma busca rápida por seminários, conferências e eventos correlatos de temas diversos revela como o problema persiste.
No final de maio, foi realizado em São Paulo o “Seminário Internacional Tributo ao Brasil – A reforma que queremos”, evento sobre direito tributário que repercutiu nas redes sociais por conta da foto de um painel composto exclusivamente por especialistas homens.
Tathiane Piscitelli, professora da Fundação Getúlio Vargas, fez um post em seu perfil no qual criticava a composição uniforme da mesa e enfrentou reações agressivas.
O texto “Machismo na academia”, publicado no início de junho pelo blog da “Folha de S.Paulo” #AgoraéQueSãoElas, professoras de Direito da FGV esmiúçam “as enormes barreiras impostas às mulheres que buscam ocupar espaços de poder”.
“Nós professoras temos compartilhado informações sobre eventos nos quais apenas falam homens, indicando se tratar da visão masculina sobre qualquer questão jurídica. Bom sarcasmo não precisa de legenda”, escrevem as docentes.
Elas também criticam o fato de só serem convocadas a falar quando o evento foca na “percepção da mulher” sobre qualquer tema. “Por exemplo, ‘Agressões à Mulher: Combate e Superação’, ‘A participação da mulher na política’, ‘Mulher, Liderança e Representatividade’, entre outros”.
Fonte: Nexo