Calorões, mudança no sono, no humor, libido e irregularidade menstrual estão muito associadas ao climatério, conhecido por muitos como menopausa.
Mas e quando isso acontece antes da hora?
A palavra “menopausa” diz respeito à data da última menstruação, ou seja, só é possível falar dela um ano após ela ter acontecido. Por esse motivo, quando alterações começam a ocorrer antes do esperado, preferimos não falar em menopausa precoce, e, sim, falar em falência ovariana precoce, falência ovariana prematura ou insuficiência ovariana prematura. Essa definição é dada quando a produção hormonal, incluindo a liberação dos óvulos, muda antes dos 40 anos.
A suspeita deve ocorrer quando em mulheres com menos de 40 anos ou que nunca menstruaram observarmos:
- Ciclos menstruais irregulares por pelo menos 4 meses;
- Ausência da menstruação;
- Dificuldade para engravidar.
O diagnóstico é feito através de duas dosagens do hormônio FSH com intervalo entre as coletas de pelo menos 4 semanas, e valor superior a >25 mUI/mL.
Mesmo com esses valores, a falência ovariana prematura não pode ser considerada definitiva em todas as pacientes, pois mesmo nesse cenário a concepção espontânea pode ocorrer em até 5% a 10% das pessoas.
As causas na maioria das vezes são aleatórias, com apenas 5% apresentando história familiar positiva, e temos como possibilidades as alterações genéticas, doenças autoimunes, alterações tóxicas e iatrogênicas que incluem uso de medicamentos e até mesmo cirurgias.
Entre as patologias temos algumas possíveis: hipoparatircoidismo, diabetes mellitus, hipofisite, púrpura trombocitopênica idiopática, vitiligo, alopecia, anemia perniciosa, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjogren, hepatite crônica ativa, doença de Crohn e artrite reumatoide.
O tratamento é baseado nos sintomas e queixas de cada paciente, na maioria das vezes a recomendação é de reposição de hormônios com estrogênio e progesterona, sempre ponderando as contraindicações e desejos da paciente.
O objetivo é acolher, até porque estar nessa situação pode causar diversas questões emocionais, avaliar se existe desejo de uma gestação e como ela pode ser viabilizada, redução de riscos associados às questões cardiovasculares e a osteoporose que podem estar associadas a essa queda hormonal precoce.
Em nenhum cenário a queda hormonal deve ser vista como uma impossibilidade de opções, pois hoje muito se evoluiu e, mesmo após esse período, até mesmo a gestação que era considerada impossível já pode ser viabilizada com uso de óvulos de outra mulher.