Casos de violência política tem sido frequentes contra parlamentares do Partido Verde em Minas Gerais
Na última terça-feira, 13, a vereadora e deputada estadual eleita Lohanna França (PV-MG) foi alvo de ataques dentro da Câmara Municipal de Divinópolis. Durante seu pronunciamento, a vereadora expôs ameaças e xingamentos que sofreu através das mídias sociais.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que ocuparam o plenário, ameaçaram a integridade física da deputada na saída da câmara.“As pessoas têm todo o direito de criticar minha fala e de discordar do que eu disse, mas elas não têm o direito de me atacar enquanto ser humano”, afirmou Lohanna, que se dirigiu à delegacia após o pronunciamento para registrar um boletim de ocorrência contra as ameaças sofridas na internet.
O ataque a parlamentares defensores das bandeiras diretamente ligadas ao Partido Verde tem sido uma constante em Minas Gerais. Segundo Lohanna França, essa violência política tem como objetivo a intimidação.
“A tentativa é de me intimidar para que, em outros momentos, eu me posicione de forma mais branda ou nem me posicione”, assegura. Ela complementa alegando que a tréplica e a argumentação a respeito de suas falas são legítimas, mas afirma que nada justifica uma tentativa de agressão.
Mulheres que entram na política são vistas como transgressoras por natureza, pois a política é feita por homens e para homens. Segundo a vereadora que conquistou mais de 67 mil votos nesta eleição para deputada estadual, o Brasil possui legislações suficientes para garantir proteção às mulheres dentro do espaço político institucional, porém elas não são cumpridas. “Lei no Brasil não é problema. Para que algo seja feio dentro do espaço institucional quando mulheres sofrem violência, é preciso que exista uma decisão política e hoje temos políticos incrustados em seus próprios preconceitos”, ressalta.
Lohanna conclui afirmando que essa tentativa de intimidação não vai cessar sua luta, ou seus posicionamentos em defesa de suas bandeiras.
“Tem uma frase da Conceição Evaristo que eu gosto muito: ‘Eles combinaram de nos matar e nós combinamos de não morrer’, se eles de fato combinaram que a nossa presença não vai ser aceita, nós combinamos que ela vai ser imposta. Vamos estar nos lugares de decisão e não estamos pedindo permissão pra isso”
Violência Política em Minas Gerais
Na última segunda-feira, 12, o professor e vereador Luciano Solar (PV-MG) expôs em suas redes sociais ataques sofridos durante sua fala na Câmara Municipal de Alfenas, em que parabenizou a diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu vice Geraldo Alckmin (PSB).
Em Conselheiro Lafaiete, a vereadora Damires Rinarlly (PV-MG), tem sofrido ataques e ameaças de morte. Em julho de 2021, Wesley Zeferino, autointitulado “Wesley Bolsonaro”, compartilhou nas redes sociais mensagens contra a vida da parlamentar. Em outubro deste ano, a justiça o condenou pelo crime de ameaça de morte. Em sua sentença, ficou suspensa a execução da pena privativa de liberdade.
Violência Política de Gênero
A lei nº 14.192, que tipifica a violência política de gênero, foi sancionada em agosto de 2021. Ela estabelece normas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher, nos espaços e atividades relacionados ao exercício de seus direitos políticos e de suas funções públicas, e para assegurar a participação de mulheres em debates eleitorais e dispõe sobre os crimes de divulgação de fato ou vídeo com conteúdo inverídico no período de campanha eleitoral.
Entretanto, como pontuou a parlamentar do PV-MG, o problema não é a falta de leis, mas, sim, a mudança de mentalidade de parte das pessoas.
Em entrevista ao site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a ministra substituta Maria
Claudia Bucchianeri, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou que “o ambiente político ainda é muito tóxico para as mulheres, que são comumente ofendidas, humilhadas, ameaçadas e desrespeitadas exclusivamente em razão da sua condição feminina”.
Com informações do CNJ.