Rosane Ferreira, que foi deputada federal e candidata à vice na chapa de Requião, trabalha como enfermeira na periferia de Araucária
Rosane Ferreira acorda todos os dias às 6 horas. Depois de ler jornais e organizar as tarefas da casa, vai para o Centro de Saúde Shangri-lá, na periferia de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, onde bate ponto como enfermeira de saúde da família.
Até 31 de janeiro, sua rotina era bem diferente. Ela era deputada federal pelo PV e foi candidata a vice-governadora na chapa de Roberto Requião (PMDB). Tinha decidido não tentar a reeleição para a Câmara e também não se elegeu ao governo. Diz que recusou três cargos comissionados que lhe ofereceram em órgãos estatais. Decidiu voltar para a base.
Concursada na prefeitura de Araucária, Rosane vai na contramão do que costuma acontecer com políticos sem mandato, que geralmente passam a ocupar cargos de confiança em vez de voltar ao cargo público de origem.
O ex-governador Orlando Pessuti (PMDB), por exemplo, é servidor de carreira da Emater. Sem mandato eletivo, ele será empossado nesta segunda-feira (30) em uma diretoria do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
Outro exemplo é o ex-deputado federal Dr. Rosinha (PT), que decidiu não tentar a reeleição em 2014. Ele foi indicado pelo governo federal a um cargo no Mercosul. Antes, atuava como pediatra em postos de saúde de Curitiba.
Como deputada, Rosane recebia três vezes mais que o salário atual, de cerca de R$ 6 mil. Além de ganhar mais, também não tinha outros gastos. Conta de telefone, gasolina, todas as despesas eram bancadas pela Câmara Federal. “Mas hoje não tenho como reclamar, vivo com dignidade e me sinto útil”, diz ela.
Na unidade de saúde, Rosane coordena uma equipe de enfermeiros, incluindo uma médica cubana, que faz atendimento e procedimentos básicos. “Eu estava fazendo coleta de preventiva [exame ginecológico] e uma moça perguntou se eu era parente da deputada. Ela achou estranho eu estar ali.”
A enfermeira não descarta disputar a prefeitura de Araucária em 2016. Ela já tentou se eleger para a função em 2004, também pelo PV, mas ficou em segundo lugar na disputa. Enquanto isso, não se desligou da política. Faz parte do diretório nacional do PV e é responsável pela organização do partido no estado.
Nos mandatos que exerceu Rosane nunca tentou a reeleição. Diz que é por convicção pessoal. “É injusto com outras pessoas disputar uma cadeira estando nela”, defende.
Fonte/Foto: Gazeta do Povo