É muito comum mães se queixarem de dores insuportáveis no começo da amamentação. Em alguns casos, vale consultar o pediatra ou algum grupo de apoio à amamentação, já que a dor pode ser tão grande que até interfere na produção de leite. Abaixo, três especialistas dão as dicas de como diminuir a dor ao amamentar*.
4 motivos comuns que causam dor na amamentação:
Fissuras causadas pela pega incorreta
A melhor proteção contra as feridas no mamilo é a pega correta do bebê e posição correta. Eles já nascem sabendo sugar, mas ainda não sabem mamar e a mãe precisa ensiná-los. A mulher deve observar se boquinha está aberta e os lábios virados para fora. O queixo deve encostar na mama e o nariz, não. Além disso, maior parte da aréola deve permanecer dentro da boca do bebê.
Para que isso ocorra, pince a auréola com o polegar e o indicador –diminuindo, assim, a área em que o bebê colocará a boca. E caso você repare que o bebê tenha feito a pega incorreta, com o dedo mindinho, encoste na boquinha dele e o retire da mama, colocando-o novamente. Além disso, a criança não deve fazer barulho de “beijinho” na mamada e a sucção deve ser feita nos seguintes tempos: parando para respirar, deglutindo e depois voltando a mamar.
Desta maneira, não só a mãe evitará feridas, como o bebê ficará mais saciado. Quando o bebê só está sugando o bico, pouco leite chega a ele. Com isso, ele fica irritado, com fome, e a mãe não esvazia a mama ou acaba produzindo menos leite.
O que fazer caso o seio esteja ferido: evite períodos longos de sucção na mama machucada –dexe a criança mamar por cinco minutos ou dê uma pausa para a mama ferida. O leite deve ser ordenhado, para evitar empedramento. Faça isso até a cicatrização. Ofereça o leite em copinho ou colher, nunca em mamadeira, principalmente neste início da vida. Assim, evita o desmame. Algumas mulheres sentem alívio usando algum creme ou pomada, como a lanolina purificada. As trocas de posição ajudam, pois a criança não pegará sempre no mesmo canto do seio. Além disso, já existem alguns tratamentos como a terapia a laser.
Leite empedrado
O leite empedra, normalmente, porque a mulher produz uma quantidade excessiva nos primeiros dias de vida da criança –na chamada fase da apojadura, quando o leite desce. Se o bebê estiver fazendo a pega incorreta, não ocorrerá esvaziamento. Então, o leite fica lá parado, causando desconforto e dor para a mãe.
O que fazer para diminuir o leite empedrado: para evitar que o ingurgitamento mamário ocorra, além da pega correta, é recomendado, sempre antes de cada mamada, preparar a mama para auxiliar na descida do leite. Faça uma massagem ao redor das mamas e dê uma balançada nos seios, deixando a mama bem molinha para o bebê começar a mamar. Se a criança não estiver dando conta de esvaziar, é preciso ordenhar manualmente ou com uma bomba. Outra dica é fazer compressa gelada, o que faz com que cause vasoconstrição dos ductos mamários, diminuindo um pouco a produção.
Mastite
A mastite é uma infecção que pode ser bacteriana ou inflamatória. Em geral, começa quando o leite fica represado ou há o bloqueio de algum ducto. Uma fissura, ferida ou bolha também pode evoluir para um caso de mastite. Geralmente, essa infecção afeta apenas um seio e causa dor e sensação de febre no peito, principalmente durante a amamentação.
O que fazer para tratar a mastite: é necessário tomar antibiótico ou anti-inflamatório, não dá para adiar o tratamento, mas com a orientação do médico. E pode amamentar mesmo tomando antibiótico, pois existe uma grande classe de remédios do tipo que permitem que a mulher amamente. Além disso, parte do tratamento é o esvaziamento da mama. Caso esteja difícil de ofertar o seio ferido, faça a ordenha e não deixe o leite acumular, para não empedrar.
Candidíase mamilar
A cândida é um fungo bastante comum e pode afetar as mamas. O mais comum é ter a cândida só na parte externa do mamilo e auréola. No entanto, em alguns casos, o fungo pode migrar para a parte interna, causando a candidíase ductal. Ocorre, normalmente, quando a mãe já apresenta o fungo e passa por um parto normal, porque aí pode passar para a boquinha do bebê e, consequentemente, para a mama. Os sintomas são dor, ardor e coceira local.
O que fazer para tratar a candidíase mamilar: a solução é se medicar com um antifúngico local ou oral, com orientação médica. Manter a mama seca é importante, já que a pele úmida serve de cultura para cândida.
*A reportagem consultou Elsa Giugliani, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria); Nelson Ejzenbaum, pediatra e neonatologista, membro da SBP e da AAP (Academia Americana de Pediatria) e Thais Rodrigues Bernardo, enfermeira obstetra, consultora de aleitamento materno e sócia da ComMadre – Apoio à Gestação, Parto e Amamentação
Fonte: UOL