Cacique da Aldeia Guarani Pindó Mirim, em Viamão, diz que situação já foi relatada para órgãos responsáveis. Local está abandonado há três anos. Atendimento improvisado é realizado uma vez por semana.
“Bem desconfortável, ainda mais ter que deitar na cadeira, porque dói as costas” ,diz Nicole Moreira da Silva.
Nicole não foi a única mulher grávida da aldeia indígena a precisar receber atendimento improvisado. Adriana da Costa também realizou consulta deitada em cadeiras agrupadas.
“É um perigo para nós, também. Ter que deitar é um perigo para as costas e para a criança, porque a cadeira é dura”, diz.
De acordo com Valdecir Moreira, cacique da aldeia, a situação já foi relatada à Secretaria da Saúde Indígena do Ministério da Saúde, à Prefeitura de Viamão e ao Ministério Público Federal (MPF), mas, pelo terceiro ano seguido, o posto de saúde segue abandonado.
“Esse espaço era uma maravilha, tinha tudo aqui dentro. Tinha espaço odontológico completo, macas para as mulheres gestantes serem atendidos. A gente tinha, completo, o que o posto de fora também tem”, diz.
A Prefeitura de Viamão diz que a gestão, que assumiu no início do ano, está planejando a reestruturação, mas não dá prazo. O MPF diz que esteve no local e ouviu as demandas da população. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) diz que o órgão responsável pela saúde indígena é o Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde afirma que abriu uma licitação para contratar uma empresa para reformar a Unidade Básica de Saúde Indígena da Aldeia Itapuã e que não conseguiu realizar a obra no ano passado por falta de empresas interessadas.

Unidade de saúde da Aldeia Guarani Pindó Mirim está abandonada desde 2023, quando forro desabou — Foto: Reprodução/RBS TV
Aldeia abriga 27 famílias
Afastada do centro de Viamão, a Aldeia Guarani Pindó Mirim ocupa um espaço de 20 hectares e abriga 27 famílias da etnia Mbyá Guarani. O terreno é próximo à Reserva Estadual do Itapuã, território considerado ancestral pela etnia.
O local tem um posto de saúde há 20 anos, mas o local deixou de ser usado por falta de segurança e infraestrutura, principalmente depois que o forro de gesso do local desabou. Equipamentos médicos, cadeira de dentista e mesmo o ar-condicionado do local seguem no prédio em ruínas, sem manutenção.
O atendimento médico à população acontece de forma improvisada: profissionais de saúde ligados à Prefeitura de Viamão vão à aldeia toda segunda-feira e precisam improvisar a estrutura necessária. Crianças e idosos da aldeia precisam ter atendimento odontológico no meio do pátio, por exemplo.
“Idoso tirando dente na rua é um descaso. Hoje é falta de vontade de fazer, não falta verba. Falta vontade com a minoria”, diz o cacique.