O novo estilo de fazer política vem ganhando espaço nos últimos quatro anos
Diante do cenário político que vivido no Brasil, 2022 promete ser um ano decisivo para o impulsionamento das candidaturas coletivas, que nos últimos 20 anos apresentaram um crescimento significativo no Brasil.
Segundo um estudo colaborativo divulgado entre algumas universidades (como UDESC, UFSC, UNB e UFAL), entre os anos de 2018 e 2021, houve um total de 341 candidaturas coletivas, número que superou o quadriênio anterior desse mesmo período, com o total de 74 candidaturas, garantindo um avanço na transformação da política brasileira.
Conforme o doutor em ciência política Leandro Gabiati a ascensão das candidaturas coletivas ocorre pelo esgotamento do sistema representativo: “Na situação atual, existe uma insatisfação com os partidos e com os modelos representativos dentro do país.”
A insatisfação política e a dúvida perante a democracia ficaram recorrentes com a atual gestão presidencial do Brasil. Para o especialista Felippe Ramos, PhD em sociologia pela New School for Social Research de Nova York, a crise da democracia representativa vem do fato dos governos, principalmente com a ascensão do neoliberalismo e do distanciamento das demandas populares, e o foco em pautas mais elitistas.
“Aqui no Brasil a população está cada vez mais pobre, a inflação alta, os preços mais altos dos produtos, os salários relativamente congelados, desemprego em alta e o governo, muitas vezes, aprova medidas que são contra o interesse da população como, por exemplo, o aumento dos combustíveis que vem a partir de uma empresa de controle do governo”, diz Ramos, que completa: “Então essa distância entre o que a população quer e o que o governo executa faz com que cada vez mais a democracia seja vista como algo que não funciona, que não produz aquilo que o povo quer. Que, em tese, seria soberano” conclui.
As candidaturas coletivas significam um processo de diversificação racial, de gênero e de visibilidade das minorias, que muitas vezes não conseguem chegar a espaços de poder, por falta de recursos econômicos ou por falta de políticas que ajudem na inserção na própria sistemática.
Diante desse cenário é possível destacar que as candidaturas são extremamente benéficas para inserção de pautas que possuem pouca visibilidade, como expressa Ramos. “Quando falamos, por exemplo, de grupos indígenas, temos três coisas que precisam ser consideradas. Eles possuem maiores dificuldades de eleger um representante. Primeiro porque são uma minoria e segundo porque não têm o poder econômico e terceiro porque têm uma cultura. Tanto a cultura quanto a civilização e a política muito diferentes da democracia representativa. Diante disso, a colocação dessa comunidade seria de extrema relevância para a discussão de políticas para essa menoridade.”