Um grande estudo documentou vínculos inesperados no período e na severidade dos sintomas da depressão materna, podendo auxiliar mães e médicos a melhor antecipá-la e a tratar o problema. O estudo com mais de 8.200 mulheres, de 19 centros de sete países, publicado no mês passado na “Lancet Psychiatry”, constatou que, nas pacientes com sintomas mais severos –pensamentos suicidas, pânico, choro frequente –, a depressão, geralmente, começava durante a gravidez, não após o parto, como se costuma pensar.
Em geral, mulheres com depressão moderada desenvolveram os sintomas após dar à luz e, com maior probabilidade do que as com depressão severa, tiveram complicações durante a gravidez, tais como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional ou hipertensão. Mulheres com depressão severa, no entanto, relataram complicações com maior frequência durante o parto.
“Esse é o maior estudo até agora sobre sintomas da depressão pós-parto. Definitivamente, esse é o primeiro passo na direção certa, saber que a depressão não é igual em todos os casos”, disse Leah Rubin, professora assistente do Programa de Pesquisa da Saúde Mental Feminina da Universidade de Illinois, em Chicago, e coautora de um comentário sobre o estudo.
De 10% a 20% das mães vivenciam depressão, ansiedade, distúrbio bipolar ou outros sintomas em algum momento da gravidez a até um ano após dar à luz. O estudo poderia auxiliar os esforços para encontrar causas e tratamentos. Todas as participantes do estudo eram mães. Algumas foram diagnosticadas com depressão pós-parto por médicos, enquanto outras foram avaliadas por meio de um questionário amplamente utilizado; algumas participantes caíram nos dois grupos.
Cada grupo poderia ser dividido em três subgrupos, representando mulheres com depressão severa, moderada e branda ou clinicamente insignificante, disse a médica Samantha Meltzer-Brody, diretora do programa de psiquiatria perinatal da Universidade da Carolina do Norte e autora correspondente do estudo.
Segundo Samantha, a descoberta de que dois terços dos casos de depressão severa começaram durante a gravidez provocou perguntas científicas. Os fatores biológicos poderiam diferir dos que afetam mulheres com depressão pós-parto clássica, a qual cientistas acreditam que possa estar ligada à queda dos níveis de hormônio após o parto.
A especialista também cogitou se a constatação de que 60% das mulheres com depressão moderada relatarem questões como diabetes poderia sugerir que problemas no sistema imune estariam por trás de seus sintomas.
Samantha e alguns colegas começarão a procurar respostas neste ano coletando DNA de milhares de mulheres por meio de registro online internacional. “Em uma situação ideal seria possível determinar quem corre risco. O que fazemos agora é esperar as pessoas adoecerem”, disse.
Fonte : UOL