O Dia Internacional da Mulher foi estabelecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1977. A data é uma maneira de destacar e reconhecer a importância e a contribuição do sexo feminino para a sociedade.
As suas origens remontam a meados do século 19 e começo do século 20, quando trabalhadoras começaram a ir às ruas pelo direito ao voto, pela melhoria nas condições de trabalho e pela igualdade de gênero.
De lá para cá, muita coisa mudou. Hoje em dia a mulher vota, trabalha fora, casa e se separa sem precisar de autorização masculina, desempenha funções e ocupa cargos que antes eram exclusividade dos homens.
Diante de tantos avanços, por que é necessário um dia dedicado à mulher? Nos dias de hoje, há realmente necessidade de uma data assim? A resposta para esta última pergunta é sim, e mulheres de diferentes áreas ouvidas pela reportagem doUOL explicam as razões.
Além da comemoração
Mais que um dia de celebração e de receber agrados de filhos, companheiros e colegas de trabalho, o 8 de Março é uma data política. “O Dia Internacional da Mulher é para lembrar a importância de as mulheres terem direitos”, afirma Regina Navarro, psicanalista e colunista do UOL.
Na opinião de Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, houve avanços “em vários setores”, mas as mulheres ainda não têm acesso “a todos os direitos que devem ter”. “A gente não alcançou a igualdade efetiva [entre os gêneros]. Ainda precisamos ter datas para lembrar que é um problema que persiste”, defende.
A ministra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Luciana Lóssio destaca a “representatividade” da data. “É uma política afirmativa. Acho que hoje nós ainda precisamos disso como um marco para nosso amadurecimento, para reflexão. É importante ser lembrado, ser pensado”, diz.
Violência contra a mulher
O Brasil tem uma das maiores taxas de assassinatos de mulheres entre 83 países, segundo o estudo “Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil”.
O fim da violência contra a mulher tem sido, nos últimos anos, uma das principais reivindicações durante o Dia da Mulher e também um dos maiores desafios do movimento feminista. “A pauta do 8 de Março é cada vez mais permeada pela questão da violência de gênero como assunto urgente que deve ser enfrentado”, afirma Marisa Sanematsu.
Ela diz que ainda não se encontraram “maneiras de efetivamente mudar essa cultura de violência contra mulheres” e aponta como o principal entrave a “cultura machista”. “Essa noção de que as mulheres valem menos ainda é muito forte e fica muito evidenciada na questão da violência”, diz.
“[Essa cultura machista] vem do lar, passa por escola, sociedade, trabalho, relações afetivas. Mudou muito pouco a forma de educar homens e mulheres na direção de fugir da desigualdade, da subalternidade das mulheres em relação aos homens”, analisa.