Centenas de mulheres fizeram protestos em São Paulo e no Rio na noite desta quinta-feira (12) contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e seu Projeto de Lei 5.069, que restringe o direito ao aborto a mulheres vítimas de estupro.
Em São Paulo, a avenida Paulista, no centro da cidade, foi completamente bloqueada no sentido da Consolação por volta das 19h. Os manifestantes, em sua maioria mulheres, caminhavam com faixas gritando músicas e palavras de ordem. Também foram feitas apresentações artísticas, com a encenação de um aborto em meio à rua da Consolação.
Segundo as organizadoras, 5.000 pessoas participaram do ato. A PM contabilizou 350 pessoas no protesto.
O grupo seguiu da avenida Paulista até o largo do Paissandu, onde a manifestação deve ser encerrada por volta das 21h30. O ato é organizado por cerca de 20 coletivos femininos.
A estudante Luize Tavares, 19, uma das coordenadoras do protesto, diz que o ato é para derrubar o projeto de Cunha. “Não queremos que um direito que já temos seja tirado” afirma.
Segundo ela é importante que a manifestação de hoje não perca o foco. É a marcha começa a invadir a Paulista, sentido Consolação. Em principio uma faixa de rolamento será ocupada.
Além dos movimentos feministas, partidos políticos (PSOL e PCO) e um sindicato (Conlutas), participaram do ato.
RIO DE JANEIRO
No Rio, a concentração ocorreu em frente ao prédio da Assembleia Legislativa (Alerj), no centro. O grupo, formado em sua maioria por mulheres, exibia faixas e gritava palavras de ordem contra o deputado.
Em um dos cartazes, aparece a inscrição “meu corpo não é dinheiro na Suíça para ser da sua conta”.
Cunha é alvo de investigações da Justiça desde a descoberta de que mantinha contas bancárias na Suiça com dinheiro de origem suspeita.
Outro alvo dos protestos foi o secretário-executivo de governo municipal do Rio, Pedro Paulo Carvalho (PMDB-RJ), que admitiu ter agredido sua ex-mulher durante uma briga em 2010.
Ele é também o candidato escolhido pelo atual prefeito, Eduardo Paes, para as eleições municipais do ano que vem.
“O Pedro Paulo deveria ser enquadrado na Lei Maria da Penha”, afirmou a escriturária Luciana Targino, 45, que participava do protesto. O caso está sendo investigado pela Procuradoria Geral da República.
O protesto conta com a presença de movimentos sociais, simpatizantes e representantes de partidos políticos, como Psol, Pstu, Partido Verde (PV) e PT.
De acordo com as manifestantes, o protesto recebeu cerca de 4.000 pessoas. A polícia não realizou uma estimativa.
Uma das manifestantes, a jornalista Ellen Paes disse que a restrição ao aborto de mulheres vítimas de estupro é um retrocesso. “As principais vítimas da falta desta política de saúde para mulheres são as negras, mais pobres”, declarou.
O protesto, que seguiu pacífico, se encerrou na praça da Cinelândia, também no centro.
Fonte: Folha de São Paulo