Países amazônicos que participam da cúpula assinaram um documento, que concordam com uma lista de políticas para reforçar cooperação
“O Brasil, ainda que não tenha na declaração conjunta em função de não chegar a um consenso com os outros países, já tem esse compromisso e nós vamos continuar perseguindo”, disse Marina em entrevista ao programa “Bom dia, ministra”, no CanalGov.
Na terça-feira, os oito países amazônicos que participam da cúpula assinaram um documento, nomeado Declaração de Belém, em que concordam com uma lista de políticas e medidas unificadas para reforçar a cooperação regional, mas não chegaram a um acordo sobre uma meta comum para acabar com o desmatamento.
Marina afirmou que tudo o que os países não concordaram até agora na cúpula já é consenso na perspectiva da ciência e da sociedade e disse acreditar que não se pode impor a vontade de um país sobre outro, sendo necessário atingir “consensos progressivos” para inserir medidas comuns no documento.
Ela elogiou o fato de todos os países participantes terem concordado que a Amazônia não pode passar do “ponto de não retorno”, em que as áreas desmatadas da floresta ultrapassam o nível de 25% do total.
“O processo de negociação é sempre um processo mediado, porque ninguém pode impor a sua vontade a ninguém… à medida que temos alguns consensos, a gente vai colocando no documento”, acrescentou.
A cúpula de dois dias da OTCA termina nesta quarta-feira e conta com representantes de Bolívia, Brasil, Colômbia, Peru, Equador, Guiana, Suriname e Venezuela, e marca o primeiro encontro do grupo em 14 anos.
A ministra também disse que as medidas ambientais adotadas pelo Brasil, como o desmatamento zero até 2030, devem facilitar a conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que tem sido adiado há anos devido às preocupações dos países europeus com a política ambiental brasileira.
“Nós ainda não assinamos o acordo com a União Europeia, porque o governo anterior abandonou as medidas de combate ao desmatamento. Agora, com essas medidas e esse resultado, eu tenho certeza que nós vamos conseguir fazer o acordo”, disse.
No entanto, autoridades do Mercosul têm criticado as exigências ambientais feitas pelo bloco europeu.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as negociações devem ser realizadas com confiança mútua, e não “ameaças”, enquanto o presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, disse que as exigências europeias são “inaceitáveis” e que desconfia do “interesse genuíno” da UE em fechar o acordo.
Espera-se que o Mercosul apresente uma contraproposta para o acordo ainda neste mês, como sinalizado pelo presidente Lula em julho.