O Ministério do Turismo integra a lista de deputados federais que tentam, via Judiciário, a desfiliação da União sem perda de mandato
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda considera precipitado ventilar a saída de Daniela Carneiro do Ministério do Turismo . Na segunda-feira (10), o marido dela e então presidente do União Brasil no Rio, Waguinho , capitaneou movimento de debandada de políticos fluminenses da sigla.
A ministra integra a lista de deputados federais que tentam, via Judiciário , a desfiliação sem perda de mandato. Waguinho se filiou aos Republicanos , que não compõe hoje a base governista, e também vai comandar a diretoria do partido no Rio.
Para um ministro da ala política, é “prematuro” afirmou que Daniela precisaria deixar a pasta por causa da desvinculação com a legenda. Uma conversa entre a direção nacional do União e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha , foi marcada para os próximos dias.
Ministros e parlamentares alinhados ao Planalto aceitam que o discurso de que Daniela é mais da “cota Lula” do que uma indicação da bancada da União é antigo – e, por isso, o novo episódio talvez não tenha um impacto imediato.
Ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias disse à imprensa que Padilha seguiu o caso “com maestria”. O petista avalia que a eventual saída de Daniela da sigla não carrega necessariamente à perda do cargo: “Ela também tem seu mérito. Com certeza, tudo isso vai ser levado em conta”, afirmou.
“A composição do governo depende de entendimentos entre os líderes e os partidos. Certamente, o ministro Alexandre Padilha está dialogando, porque é importante ter um conjunto de parlamentares que considerem a sustentação ao projeto de Brasil, ao conjunto de ações com o qual o presidente tem compromisso.”
Ao Valor , o vice-presidente nacional da União Brasil, Antonio Rueda , garantiu o argumento do partido. “Primeiro, precisamos entender o que o governo pensa: se a vaga [do Turismo] é do partido ou da Daniela. Nossa leitura é de que a bancada da Câmara não foi contemplada até hoje. Tem que começar a pensar nisso”, observado.
No mês passado, uma reunião entre Daniela e a bancada chegou a ser marcada, mas foi cancelada diante da alegação da ministra de que não havia sob si uma estrutura robusta de cargas e emendas para barrar a fome dos correligionários. Os insatisfeitos do União, assim, concentram demandas em Waldez Góes, da Integração e Desenvolvimento Regional.
Quando começou a se falar na entrada do partido no governo, o nome desejado pelos deputados era o de Elmar Nascimento , da Bahia. A indicação, no entanto, é forte resistência do PT baiano. Hoje, depois da debandada, políticos do União que sempre foram contra o embarque na base governista estão rindo da situação.
Além da questão partidária, Daniela vive outra pressão desde que assumiu a carga: ela é acusada de envolvimento com milicianos da Baixada Fluminense. A ministra sempre recusou as emoções.