Sobrevivente de um estupro coletivo, escritora indiana lançou best-seller sobre o crime e compilou sugestões para ajudar as vítimas
85% das mulheres do país têm medo de serem vítimas de estupro, de acordo com uma pesquisa Datafolha de 2016, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para piorar, 33,3% da população brasileira acredita que a vítima é culpada, e 42% dos homens dizem que mulheres que se dão ao respeito não são estupradas.
Os números refletem a cultura do estupro. De acordo com as Nações Unidas, o termo é usado para “a sociedade que culpa as vítimas de assédio sexual e normaliza o comportamento sexual violento dos homens”.
No Brasil, 164 casos de estupro foram registrados por dia em 2017. Apenas no Rio de Janeiro, mais de 4 500 mulheres foram violentadas no ano passado. Estima-se que somente 10% dos crimes de estupro sejam notificados.
Como se o trauma já não fosse horrível o bastante, conviver com ele pode se tornar uma continuação da tortura. A mulher é julgada, questionada e considerada culpada por ter “se colocado” naquela situação. Há casos em que as mulheres, vítimas, cometeram suicídio por não conseguirem lidar com a dor e com a pressão social
A escritora indiana Sohaila Abdulali, que sobreviveu a um estupro coletivo na Índia quando tinha 17 anos, escreveu o best-seller Do que estamos falando quando falamos sobre estupro. Em entrevista a VEJA, Sohaila descreveu a situação que viveu como um estupro de Bollywood (uma espécie de Hollywood na Índia), com violência, homens agressivos e ameaças de morte. Mas, no dia a dia, os casos mais comuns são aqueles causados por parceiros. “Não acredito que todos os homens sejam capazes de estuprar. Para soldados, que usam o abuso como crime de guerra, pode ser parte de uma função. Em um relacionamento, pode ser parte da dinâmica, da vontade de ter sexo. O que eu sei é que é uma escolha. Não é algo natural, não é algo que os homens não podem evitar, como se fosse um impulso biológivo. Eles podem evitar sim. Eles conseguem se controlar”, afirmou.
Fonte: Veja