Archicontest divulgou recentemente o resultado de seu concurso Venice: Artisan School, que propunha uma Escola de Artesãos para a Cidade de Veneza, como um laboratório onde treinar os professores do futuro. Segundo o edital, ao localizar um edifício de arquitetura contemporânea no coração do centro histórico, isso poderia criar uma ponte ideal entre o passado e o presente.
O primeiro prêmio no concurso foi entregue a uma equipe de alunas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, composta por Djuly Duarte Valdo, Letícia Sitta, Marina Nallin Violin, Raissa Gattera e Thais de Freitas. Conheça o projeto a seguir:
Memorial de Projeto
Durante uma conversa com estudantes em 1968, Louis Kahn expôs seu pensamento sobre “escola como um ambiente onde é bom aprender”. Quase cinco décadas depois, em um momento onde a educação sofre com falhas em seu sistema, e a tradição criada pelas mãos dos artesãos se perde no tempo, adotamos o pensamento do arquiteto americano como partido do projeto. Assim, o papel dessa nova arquitetura é repensar como os arquitetos projetam escolas, para quem projetam e qual seu propósito na sociedade. E principalmente como é possível disseminar o trabalho do artesão através do desenho.
Deste modo, a “Floating Artisan School” traz uma nova proposta: uma escola que utiliza os canais de Veneza como meio de conexão. É através da água, principal elemento da cidade, que o artesanato é disseminado. Com função de expandir a importância desse sistema de ensino, a escola é projetada para que as salas naveguem pela cidade, providenciando aos alunos experiências únicas. Além da base principal, com todos os ateliês e espaços de suporte, salas de aula flutuantes estão localizadas no porto da escola, onde irão partir e se conectar com outras bases menores em diferentes pontos da cidade, contribuindo para a troca de conhecimentos entre estudantes e artesãos locais.
O artesanato precisa ser visto e sentido. No acesso principal, uma praça pública acolhe os estudantes e visitantes, promovendo um espaço de convívio e exposições. Localizado no térreo, espaço mais visível e privilegiado, estão os ateliês. Desta forma, o trabalho do artesão pode ser observado através de painéis de vidro por todos que navegam pelos canais ou circulam pelas rampas que abraçam e se integram ao espaço. Enquanto os estudantes têm acesso livre aos ateliês, visitantes são guiados diretamente do térreo ao primeiro mezanino, onde estão localizadas a recepção e livraria. O segundo mezanino é dedicado às áreas de estudo, seguindo também a proposta de planta livre. O terceiro e último mezanino é reservado às reuniões e ao auditório. Todos esses programas são abrigados por uma estrutura de metal, permitindo reversibilidade da construção, rapidez e facilidade no processo construtivo.
“As escolas começaram com um homem embaixo de uma árvore, que não sabia que era professor, discutindo suas percepções com uns poucos que não sabiam que eram alunos.” (Louis Kahn).O processo de aprender não ocorre apenas entre estudante-professor mas também entre os próprios estudantes e o ambiente. Seguindo essa ideia, o projeto propõe um espaço baseado na planta livre, incentivando a interação e intercâmbio de conhecimento, refletindo o verdadeiro espírito do homem debaixo da árvore.