Dandara Castro denunciou grupo por agressão física, motivada por preconceito racial, durante evento com alunos da Universidade Federal de Uberlândia. Casa de show e universidade emitiram nota sobre o caso.
Me senti extremamente violada, nua. Parece que tinham arrancado a minha roupa. Para nós, mulheres negras, o turbante não é simplesmente um acessório. É um símbolo importante de identidade e resistência”. O desabafo feito ao G1 é da recém-formada em Pedagogia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Dandara Tonantzin Castro, 22 anos, que denunciou um grupo de estudantes por preconceito racial durante uma festa de formatura no último fim de semana na cidade.
Conforme relato da mineira, que também é membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), ela estava usando o turbante quando um grupo de rapazes começou a ofendê-la e um deles arrancou o acessório da cabeça. Sobre o caso, a casa de eventos em que a festa ocorreu e a UFU emitiram nota oficial. (Veja abaixo)
A jovem compareceu à companhia de Polícia Militar do Bairro Santa Mônica neste domingo (23) e deu queixa da agressão. No boletim, ela conta que estava na arena de eventos Palácio de Cristal, onde acontecia a formatura da faculdade de Engenharia Civil da UFU, quando seis rapazes a cercaram.
Além de criticá-la pela forma que se vestia, os jovens usaram termos ofensivos e arremessaram cerveja contra ela. No perfil pessoal do Facebook, Dandara fez um extenso relato que já conta com mais de 11 mil compartilhamentos. Na publicação, ela disse que já se aproximava do fim da festa quando um dos agressores puxou o turbante dela por duas vezes e, em seguida, o jovem chamou os amigos e um dos rapazes do grupo acabou puxando o acessório mais uma vez, jogando ao chão.
“Quando fui catar, incrédula do que estava acontecendo, jogaram cerveja em mim. Muita cerveja. Fiquei cega, saí desesperada para achar meus amigos. Sabia que se ficasse ali poderia até ter mais agressões físicas”, postou.
Dandara acionou a segurança da casa de eventos e os agressores foram retirados do local. No boletim de ocorrência da polícia consta que a vítima se deslocou até o banheiro e um grupo de mulheres que estava no ambiente também começou a zombar e fazer insinuações preconceituosas, inclusive ameaçando a jogar urina e fezes na jovem, por ela ter sido responsável pela retirada dos namorados da festa.
Um dos agressores foi identificado e a jovem aguarda instauração de inquérito para esclarecimento dos fatos. Ela também acionou a Ouvidoria do governo federal para relatar a agressão e os advogados que a representam também vão levar a denúncia ao Ministério Público.
UFU e Palácio de Cristal falam sobre o assunto
Em nota enviada ao G1, a UFU informou que repudia veementemente todas as situações de discriminação, preconceito, exclusão, violência e intolerância. Ainda conforme o texto, “com relação ao suposto caso de racismo relatado, que teria ocorrido fora do âmbito da instituição, a universidade disse que está apurando as informações”.
O Palácio de Cristal informou que, quanto aos fatos ocorridos durante o evento de formatura realizado na noite do dia 22 de abril, já na manhã do dia 23 de abril de 2017, lamenta o ocorrido em suas dependências e esclarece que os fatos se deram entre convidados do evento. A empresa conduziu a solução do problema com todo o profissionalismo, sendo que os seguranças agiram dentro dos limites legais e de acordo com seus treinamentos, sempre respeitando a todos os envolvidos, sem fazer distinção de qualquer natureza entre eles.
A empresa também disse que “reafirma que repudia veementemente todo e qualquer tipo de preconceito e/ou discriminação de qualquer natureza, prezando sempre pelo respeito incondicional a todas as pessoas, respeito este evidenciado pelos 25 anos de serviços prestados aos seus clientes”.
Fonte: G1