Um estudo divulgado esta semana pela Serasa Experian indica que 43% das empresas existentes no Brasil pertencem a mulheres. A pesquisa registrou quase 5,7 milhões de brasileiras que têm o próprio negócio, o que representa 8% da população feminina.
Para a consultora gaúcha Deb Xavier, uma das razões para que as mulheres se lancem no mundo dos negócios é, além do próprio espírito empreendedor, a configuração do mercado de trabalho para as profissionais que são muito qualificadas.
“Com pouco espaço para as mulheres em cargos de diretoria nas grandes empresas, muitas optam por montar um negócio”, analisa Deb, editora do site Jogo de Damas (www.jogodedamas.me), voltado para a carreira e os negócios sob o ponto de vista das mulheres.
A consultora acredita, entretanto, que para as próximas gerações de trabalhadoras empreender vai ser cada vez menos uma questão de falta de alternativa profissional e ser apenas a realização de um projeto pessoal.
“Quando minha mãe começou a trabalhar, havia poucas mulheres no mercado. Mas a minha filha de 12 anos já tem o exemplo de uma profissional em casa”, pondera a consultora, de 29 anos, que começou a empreender na área de tecnologia e, após uma temporada nos Estados Unidos, viu a oportunidade de escrever em um site no Brasil para mulheres que buscam seu espaço no mercado profissional.
Não há provas de que avanços sociais se reflitam automaticamente em chances iguais no mercado de trabalho. Há uma semana, em uma conferência no Chile sobre mulheres e o poder, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que em nenhum país do mundo as mulheres têm as mesmas chances que os homens. A engenheira sueco-brasileira Paula de Hollanda, por exemplo, afirma que mesmo com toda a legislação para promover a igualdade, o mercado de trabalho continua segregado. “Das 30 maiores ocupações, há equilíbrio entre homens e mulheres apenas em três: culinária, medicina e ensino. Noventa e três por cento dos trabalhadores em enfermagem são mulheres e 99% dos marceneiros são homens.
Na Noruega, uma solução encontrada para diminuir a segregação foi a proibição de que as empresas peçam foto ou mesmo o nome por extenso do candidato que envia currículo. “A mulher pode ser sutilmente descartada na fase da entrevista, mas sempre vai ter a chance de chegar a essa etapa”, afirma a baiana Marina Martinelli, que morou cinco anos em Oslo.
Empreendedorismo Para a consultora Deb Xavier, que é gaúcha, a tradição de empresas familiares em seu estado ajuda a explicar o que considera uma boa presença das mulheres no comando de pequenos negócios. Uma mulher que se encaixa nesse perfil é conterrânea de Deb, a empresária Roberta Mandelli, que comanda, com dois irmãos, a fábrica de móveis Tidelli, com sede em Salvador, que este ano começa a vender para os Estados Unidos com a montagem de uma loja própria na região de Los Angeles, sul da Califórnia.
Ela começou a empreender na década de 90, quando fazia cobranças para uma empresa americana que comercializava aeronaves de pequeno porte no Brasil. “O resultado foi tão bom que eles me convidaram para ser sócia”, lembra Roberta, que voltou anos depois ao país para assumir o negócio da família. Uma trajetória bem particular.
Para algumas mulheres, a depender da área em que queiram atuar, é mais fácil abrir um negócio do que pedir emprego.
Fonte: Atarde
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