Pacientes com endometriose, miomas e cistos nos ovários e trompas relatam sofrimento com as doenças, que atingem até 80% das mulheres no país. Na cidade, só cinco procedimentos são liberados por mês.
Mulheres de Bauru (SP) que sofrem com problemas ginecológicos como endometriose, miomas e cistos nos ovários e trompas reclamam da demora na realização de cirurgias que poderiam minimizar os efeitos das doenças.
Na cidade, a fila para cirurgias ginecológicas, que são realizadas pelo sistema público de saúde, conta atualmente com 235 mulheres. Desse total, 15 casos são considerados prioritários.
A fila vem crescendo não só pelo surgimento de novos casos, mas também porque nos últimos três meses o estado vem liberando apenas cinco procedimentos deste tipo por mês.
Em todo o país, milhões de mulheres sofrem com doenças ginecológicas, que são muito comuns. Segundo a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, cerca de 80% das mulheres no Brasil têm algum tipo de mioma.
Dona de casa Dorydes Aparecida de Oliveira reclama de dores — Foto: TV TEM/Reprodução
A estimativa da entidade é que a endometriose atinja mais de seis milhões de mulheres no país. A demora no diagnóstico de casos agrava o problema, porque o tratamento precisa começar o mais rápido possível.
Este é o caso da dona de casa Ana Carolina Meneguetti, que só desconfiou que tinha alguma doença ginecológica quando a menstruação ficou desregrada após o nascimento do segundo filho. Segundo ela, as dores e os sangramentos provocam muito desconforto.
“Estou esperando já faz um ano e eles não me chamam. Estou com medo, porque os médicos me disseram que isso pode virar um câncer”, disse Ana Carolina.
Ginecologista Abdel Hafid Farid defende a importância dos exames de rotina — Foto: TV TEM/Reprodução
Segundo o médico ginecologista Abdel Hafid Farid, nem todas as pacientes apresentam sintomas e algumas podem levar até 10 anos para receber o diagnóstico correto. Por isso ele defende a importância dos exames de rotina.
“Tem pacientes com mioma ou endometriose que não sentem nada e isso é um grande problema. Todas as mulheres têm de fazer exame clínico anual, além do exame de toque, que é o que diagnosticaria a doença rapidamente”, explica o médico.
Abdel destaca ainda que nem sempre a cirurgia é o procedimento indicado, mas tanto a endometriose quanto os cistos e os miomas precisam de tratamento rápido para não evoluírem.
Dona de casa Ana Carolina Meneguetti diz que espera na fila há um ano — Foto: TV TEM/Reprodução
A falta de informação e a demora no atendimento podem ter dificultado o tratamento da dona de casa Dorydes Aparecida de Oliveira, que há cerca de um ano reclama das dores depois que foi diagnosticada com problemas no útero.
“É muita dor, tenho de ficar mais deitada do que em pé. Só queria que eles me operassem o mais rápido possível para acabar com meu sofrimento”, disse a dona de casa.
Em nota, a Prefeitura de Bauru informou que a paciente Dorydes está em acompanhamento e que seu caso foi classificado como não-urgente. Mesmo assim, ela está em segundo lugar na fila de espera por cirurgia e deverá ser atendida até o final de fevereiro, “conforme disponibilidade das vagas ofertadas pelo estado”.
Ainda segundo a prefeitura, a paciente Ana Carolina também passou por avaliação e o seu caso foi classificado como não-urgente.
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Fonte: G1