Festival M.A.N.A. estreia na capital do carimbó buscando o protagonismo da mulher amazônica
No último 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, duas mil paraenses caminharam durante três horas pelas ruas de Belém rumo ao ponto turístico da cidade, o Mercado Ver-o-Peso. Elas carregavam cartazes denunciando casos de feminicídios e estupros ocorridos na cidade. A taxa de homicídios contra mulheres na região norte do país cresceu 53% entre 2003 e 2013. No sudeste, no mesmo período, os índices caíram pela metade. O que significa isso? Que, se falar de feminismo e empoderamento da mulher em São Paulo e no Rio de Janeiro é importante, o ativismo das minas é ainda mais fundamental em outras capitais do país.
“Não temos em Belém as iniciativas de fortalecimento feminino que rolam sempre aqui na capital paulista, a resistência lá precisa ser maior”, conta a cantora Aíla, paraense radicada em São Paulo. Inspiradas pela força e beleza das mulheres de seu estado, Aíla e sua namorada, a artista visual Roberta Carvalho, idealizaram o M.A.N.A. (Mulher, Artes, Narrativas, Ativismo), primeiro festival pensado e realizado por mulheres, que vai debater o protagonismo feminino na produção cultural e promover oficinas para conectar ideias entre ativistas e artistas de diferentes espaços de Belém.
“Queremos fomentar a cena de Belém, questionar a desigualdade de gênero e lutar pelo protagonismo da mulher amazônica nas artes”, conta Roberta. O principal objetivo da dupla fundadora é juntar gente que pensa parecido para trocar referências, produzir coisas juntas e se fortalecer. Um dos encontros programados para o evento será entre as paulistas do Slam das Minas e as paraenses do Slam das Dandaras do Norte, marcado para o dia 3 de junho, no Studio Pub, às 21h. O slam é uma batalha de poesias e, na maioria das vezes, ocorre em eventos idealizados e protagonizados por homens. Juntar as poetisas de vários cantos do país para ampliar a presença das mulheres dentro do movimento é uma iniciativa incrível.
No Sesc Boulevard, às 18h15 do próximo dia 2, a filósofa Djamila Ribeiro, ativista negra famosa por seus posicionamentos na internet, irá conversar com as participantes do evento sobre a importância das mulheres construírem suas próprias narrativas. A parte musical da festa ficará por conta do carimbó feminista do Grupo Cobra Venenosa, as guitarradas paraenses de Renata Beckmann e Beatriz Santos, as performances poderosas das cantoras Aíla e Sammliz, entre outras. Todas as atividades serão gratuitas, com exceção da festa de encerramento. O festival é realizado nos dias 29 de maio e, de 1 a 3 de junho. A programação completa está disponível na página no Facebook do evento. Confere lá!