Diante de uma trágica sequência de assassinatos de mulheres ocorridos em menos de 24 horas no Rio Grande do Sul, a Polícia Civil do estado anunciou que irá implementar, já na próxima semana, a possibilidade de solicitação virtual de medidas protetivas de urgência. A decisão busca ampliar o acesso das mulheres em situação de violência doméstica ao principal instrumento legal de proteção imediata contra agressores.
A medida, que já estava sendo estruturada, teve seu lançamento antecipado após os recentes feminicídios. De acordo com Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil do RS, a nova ferramenta deve ajudar mulheres que, por medo ou dificuldade de acesso, não conseguem ir presencialmente a uma delegacia para denunciar. “Queremos alcançar quem sequer consegue sair de casa para pedir ajuda”, afirmou.
O novo sistema online pretende oferecer um canal mais discreto e acessível para que mulheres possam registrar denúncias e solicitar medidas protetivas sem o conhecimento de seus agressores. A expectativa é de que isso contribua diretamente para a prevenção de feminicídios.
Segundo o delegado Christian Nedel, diretor do Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis, a medida protetiva de urgência é o recurso legal mais eficaz disponível atualmente para romper o ciclo da violência. “É urgente e precisa ser facilitada. A versão digital desse mecanismo vem justamente para ampliar o alcance da proteção”, destacou.
Feminicídios em série
Entre a madrugada e a tarde da última sexta-feira (18), seis mulheres foram brutalmente assassinadas no estado, escancarando o caráter estrutural da violência de gênero. As investigações apontam que os crimes não têm ligação entre si, mas compartilham a mesma raiz: o machismo, o sentimento de posse e a misoginia.
Os casos chocaram o estado:
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Em Porto Alegre, Caroline Dorneles, de 25 anos e grávida, foi morta a facadas pelo ex-companheiro. Ela deixa uma filha de 5 anos.
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Em Feliz, Raíssa Müller, de 21 anos, e seu namorado, Eric Turato, de 24, foram assassinados pelo ex-namorado da jovem, que não aceitava o fim do relacionamento.
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Em São Gabriel, uma mulher de 47 anos foi morta a facadas em casa, na frente da filha de 6 anos, pelo ex-companheiro, que foi preso em flagrante.
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Em Viamão, Patrícia Viviane de Azevedo, técnica de enfermagem de 50 anos, foi encontrada morta com um tiro na cabeça. O principal suspeito é o ex-companheiro.
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Em Bento Gonçalves, Jane Cristina Gobatto, de 54 anos, foi morta a facadas pelo companheiro, de 64 anos, que foi preso logo após o crime.
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Em Santa Cruz do Sul, Simone Meinhardt foi assassinada pelo companheiro, que também foi preso em flagrante. Armas brancas com sangue foram apreendidas.
Esses episódios revelam a urgência de ações efetivas do poder público para proteger a vida das mulheres. A possibilidade de solicitar medidas protetivas pela internet é um avanço importante, mas é apenas uma entre as muitas políticas que precisam ser fortalecidas para combater a violência de gênero.
Fonte: Gauchazh