O Mapa da Violência de Gênero 2025, divulgado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública nesta quarta-feira (11), revela um dado alarmante: quase 1.500 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil em 2024. O número representa um aumento em relação ao ano anterior, com 10 casos a mais, reforçando a urgência de políticas públicas eficazes e contínuas no combate à violência contra a mulher.
Quatro feminicídios por dia. Quase 200 estupros diários.
A cada dia, quatro mulheres são assassinadas apenas por serem mulheres. Além disso, 196 mulheres foram estupradas por dia em 2024. No total, o país registrou mais de 83 mil casos de estupro – um aumento de mais de 1% em relação a 2023. Em quase nove em cada dez casos, as vítimas eram mulheres.
Apesar da queda de 8% nos homicídios dolosos contra mulheres (quando o crime não está relacionado à condição de gênero), o feminicídio – que é o assassinato motivado por violência doméstica, discriminação de gênero ou menosprezo – segue crescendo.
O desafio da tipificação correta e o papel da Justiça
Para a professora e pesquisadora Cristiane Brandão, da UFRJ, o número crescente de feminicídios pode estar ligado a uma melhor compreensão e aplicação da lei por parte da polícia e do Judiciário.
“O reconhecimento do feminicídio tem aumentado, enquanto caem os registros de homicídios comuns contra mulheres. Isso mostra uma mudança de interpretação e um avanço na forma como o sistema trata esses casos”, explica.
Novas leis e o uso de tornozeleiras eletrônicas
Uma das novidades legislativas deste ano foi a permissão do uso de tornozeleiras eletrônicas por agressores que violam medidas protetivas. A especialista aponta que a medida pode ajudar a salvar vidas – desde que seja acompanhada por ações integradas de prevenção e fiscalização.
“A tornozeleira, por si só, não basta. É preciso integrar a patrulha Maria da Penha, o Judiciário e a rede de proteção às mulheres”, afirma Cristiane.
Comunicação e denúncia: uma rede que precisa crescer
Para Paula Viana, coordenadora da ONG feminista Curumim, a ampliação dos canais de denúncia e o acesso à informação também ajudam a aumentar os registros. Mas ela alerta: ainda há muito a ser feito.
“Melhoramos a comunicação, mas precisamos fortalecer o apoio comunitário, garantir proteção real e estar mais próximas das mulheres e meninas vítimas da violência”, destaca.
Os estados mais críticos
Embora São Paulo tenha os maiores números absolutos de estupros, Rondônia, Roraima e Amapá lideram em termos proporcionais, com os piores índices por 100 mil habitantes.
Fonte: Agência Brasil