Delegadas de 22 municípios acreanos se reuniram nesta terça-feira (12/08), em Rio Branco, para a 5ª Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres do Acre, com o tema “Mais Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para Todas”. O encontro teve como objetivo discutir políticas prioritárias para as mulheres, enfrentar a violência de gênero e eleger representantes que participarão da etapa nacional, em Brasília (DF), de 29 de setembro a 1º de outubro de 2025.
Promovida pelo Governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado da Mulher (SEMULHER), em parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, a conferência foi organizada em seis eixos temáticos: autonomia econômica, enfrentamento à violência, saúde integral, participação política, desenvolvimento sustentável e promoção da diversidade e inclusão.
Para a conselheira nacional dos Direitos da Mulher, Sônia Zerino, a participação feminina é fundamental para a consolidação da democracia. “Somos maioria da população e do eleitorado e temos índices de escolaridade superiores aos dos homens, mas ainda estamos sub-representadas nos espaços de poder. Precisamos avançar, nos organizar e fortalecer as políticas públicas já existentes”, afirmou.
Representando a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, a assessora especial Lygia Pupatto destacou que a discussão deve continuar além do evento. “Essa é uma questão de sociedade, não só das mulheres. Precisamos levar o debate para escolas, prefeituras, empresas e organizações, e envolver mais homens nesse processo. A política nasce no município, e é lá que as mudanças começam”, disse.
A ativista Almerinda Cunha, do movimento de mulheres negras do Acre, reforçou que a transformação pode começar em qualquer espaço. “Todas nós podemos iniciar uma revolução pela valorização da mulher — em casa, no trabalho, na comunidade. É preciso esclarecer sobre saúde, educação e segurança para que possamos agir de forma efetiva na emancipação dos direitos das mulheres”, destacou.
Já Hillary dy Oiá, representante das mulheres do Juruá, de terreiro e do segmento trans, destacou a importância do acolhimento e da escuta das diversidades no evento. “É um momento crucial para todas as mulheres e suas diversidades. Estamos avançando na luta por direitos iguais, mas precisamos continuar crescendo ainda mais”, afirmou.
Enfrentamento à violência e garantia de direitos
A secretária de Estado da Mulher, Márdhia El-Shawwa, reforçou que a sociedade precisa se engajar para atingir a meta de feminicídio zero. “A interseccionalidade é essencial. É preciso considerar as múltiplas identidades das mulheres do Acre — indígenas, negras, ribeirinhas, urbanas, jovens, idosas, LGBTs — para construir políticas públicas efetivas. Não há justiça social sem justiça de gênero”, afirmou.
Para a presidente do Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres, Geovana Castelo Branco, políticas públicas devem alcançar a ponta para romper o ciclo de violência. “Em 2023, cinco produtoras rurais foram vítimas de feminicídio. Precisamos apresentar propostas implementáveis nos municípios, no estado e no país, garantindo proteção e respeito às mulheres. Não podemos deixar que conquistas sejam retiradas”, alertou.
Delegadas eleitas para a 5ª CNPM
Durante o evento, foram eleitas as delegadas que representarão o Acre na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM), de acordo com a resolução CNDM/Mulheres nº 1/2025, que estabelece percentuais mínimos para garantir representatividade, diversidade e escuta qualificada nos debates sobre políticas públicas.
A etapa nacional, com o mesmo tema da conferência estadual, será realizada de 29 de setembro a 1º de outubro de 2025, em Brasília, com promoção do Ministério das Mulheres e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), e participação de entidades da sociedade civil.
Mais informações podem ser obtidas na plataforma Brasil Participativo e no Instagram da 5ª CNPM.
Fonte: Agência GOV