A inclusão econômica das mulheres e o acesso a financiamento foram temas centrais da última sessão da Reunião de Mulheres Parlamentares do BRICS, realizada nesta terça-feira (3). Ao longo do dia, três sessões abordaram a questão de gênero nos países do bloco, com foco especial na ampliação de linhas de crédito que considerem as desigualdades vividas por mulheres.
Representantes de bancos públicos e privadas e parlamentares destacaram a importância de o Novo Banco de Desenvolvimento — o banco do BRICS — adotar estratégias que ampliem o acesso ao crédito para as mulheres.
Luciana Silva Barbosa de Carvalho, executiva do Banco do Brasil, ressaltou que muitas mulheres enfrentam jornadas duplas de trabalho e preconceito de gênero, o que muitas vezes as exclui das linhas tradicionais de crédito. Ela enfatizou a necessidade de oferecer financiamentos que considerem essas realidades, além de capacitação em gestão e educação financeira com recorte de gênero.
“Das empresas clientes do Banco do Brasil, 42% são lideradas por mulheres, mas ainda temos um longo caminho. Encontros como este são fundamentais para alinhar estratégias, compartilhar boas práticas e, principalmente, firmar compromissos com a equidade”, afirmou.
Shana Nogueira, do BNDES, apresentou dados que reforçam a importância da inclusão financeira: 60% dos beneficiários do microcrédito são mulheres, totalizando mais de 50 mil empreendimentos apoiados apenas em 2024. Ela também destacou o apoio a startups lideradas por mulheres, que já somam mais de 400 empresas impulsionadas pelo banco. “O apoio aos negócios femininos é uma pauta central nesta gestão”, reforçou.
Já Inês Magalhães, vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, lembrou que a pobreza no Brasil tem rosto, cor e gênero: é mulher, negra e jovem. Para ela, as políticas de financiamento devem considerar essas múltiplas desigualdades. Ela citou o programa Minha Casa, Minha Vida, que garante a titulação das casas prioritariamente às mulheres como forma de empoderamento feminino.
No campo político, a deputada Juliana Cardoso (PT-SP) criticou a burocracia que ainda dificulta o acesso das mulheres às linhas de crédito. “Muitas vezes, essas mulheres nem sabem onde procurar ajuda, não sabem o formato para acessar o financiamento, porque tudo é muito burocrático, e isso não cabe no dia a dia de quem mais precisa”, disse.
A deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) propôs que 5% do orçamento militar do BRICS seja destinado a políticas climáticas com foco na proteção das mulheres, especialmente as do Sul Global. “Só com esse redirecionamento, poderíamos mobilizar cerca de 34,7 bilhões de dólares por ano para proteger o planeta e garantir o futuro das nossas meninas”, defendeu.
A senadora Leila Barros (PDT-DF), que coordenou o encontro, destacou que a baixa representatividade feminina nos espaços de poder motivou a criação da reunião de mulheres parlamentares no BRICS. Ela propôs que o encontro seja incorporado oficialmente aos fóruns interparlamentares do bloco.
“Essa diversidade de experiências que trouxeram para Brasília fortaleceu nossos vínculos e ampliou o diálogo. O mais importante é essa conexão entre nós, para que possamos avançar juntas”, concluiu.
Fonte: Agência Câmara dos Deputados