Além das máscaras, as mulheres fabricaram cerca de mil litros de sabão para que as famílias não precisassem mais sair das aldeias para ir à cidade.
As mulheres da Terra Indígena Rikbaktsa, entre Juína e Brasnorte, no noroeste do estado, aprenderam a costurar em máquinas após a chegada da pandemia da Covid-19. Todo o esforço tinha um propósito: fabricar máscaras de tecido para doar aos povos da região e protege-los quando ainda não havia registro de casos da doença entre os indígenas.
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarava pandemia global por causa da rápida expansão do coronavírus.
Mesmo sem conhecimento na área, o povo Rikbaktsa se reuniu para encontrar meios de se proteger do vírus. Além das máscaras, as mulheres fabricaram cerca de mil litros de sabão para que as famílias não precisassem mais sair das aldeias para ir à cidade.
De acordo com a Associação Indígena das Mulheres Rikbaktsa, responsável pelo projeto, foram necessários apenas dois meses para que as moradoras da região aprendessem as técnicas necessárias para fabricação de máscaras nas máquinas de costura. Nesse período de aprendizado, foram feitas cerca de 1,5 mil.

Família usa máscaras produzidas por voluntárias — Foto: Prefeitura de Juína-MT/Assessoria
A Prefeitura de Juína, por meio do Departamento de Cultura, conseguiu patrocinadores para ajudar em parte o projeto e todo o material necessário para a fabricação, como tecido, linha e elástico, foi doado à comunidade.
“Devido aos cuidados que adotamos, junto com as orientações que recebemos, pudemos nos proteger. O comportamento da comunidade mudou com chegada da pandemia, tivemos que suspender atividades e enfrentamos muitas dificuldades”, disse a fiscal da associação, Lilian Rikbaktatsa.

Comunidade Rikbaktsa tomou as medidas de prevenção desde o início da pandemia — Foto: Sesai
Segundo Lilian, não foi possível continuar o projeto, pois a comunidade não teve condições de comprar os tecidos e linhas para a fabricação. No entanto, a ação no início da pandemia, quando as máscaras ainda eram raras, os povos Rikbaktsa conseguiram se proteger.
“Como indígenas, temos dificuldades de parar a comunidade e se adaptar a essas mudanças, tudo foi muito rápido, mas um ajudou o outro e isso contribuiu para controlar a Covid nas aldeias. Agora com a vacina podemos ir voltando ao normal”, pontuou.
Durante a pandemia, dois indígenas Rikbaktsa morreram em decorrência da Covid-19. Nelson Mutzie Rikbaktsa, de 46 anos, e Filomena Rikbaktatsa trabalhavam na área da saúde.
Fonte: G1