Claramente, as mulheres estão engravidando mais tarde. E quando falo em gravidez tardia, me refiro as gestantes com 40 ou mais anos de idade.
A medicina considera que a faixa etária ideal para a gravidez é entre 25 e 35 anos. Neste período, a gestação seria mais segura e indicada. Abaixo de 25 e acima de 35 anos, é considerada de risco.
Entretanto, entre 2003 e 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres que engravidou entre 40 e 44 anos aumentou 17,6%. A incidência de gravidez entre 35 e 39 anos também está crescendo – de acordo com o instituto, o aumento foi de 26,3% no mesmo período.
Estas mudanças se mostram como uma tendência irreversível. Quanto mais o tempo passa, mais a mulher se torna independente economicamente, mas também para decidir quando engravidar. Desta forma, a medicina está tendo que se adaptar a esta nova realidade.
Parece que os fatores que estariam influenciando a gestação tardia seriam só hábitos de vida, ou seja, doenças pré-existentes, como diabetes, se tornam menos agressivos se controladas, se evitadas situações que prejudicam a saúde como um todo, como sobrepeso, sedentarismo, maus hábitos alimentares, fumo e consumo de álcool.
É simples: as ameaças estão muito mais relacionadas ao estado de saúde da mulher do que à sua idade.
Mesmo assim, sempre vale lembrar que as taxas de abortamento são maiores aos 40 anos, por questões biológicas. Esse é o ponto principal que deve pautar o entendimento das taxas de alterações cromossômicas de óvulo que aumentam com a idade. Aos 30 anos, de cada dez embriões formados, 50% deles terão alterações cromossômicas que vão gerar modificações nos embriões. Aos 37 anos, chega a 65% e aos 42, a 95%.
Mas em qualquer faixa etária, a chance de uma síndrome – seja de Down, Turner ou Klinefelter – é pequena. O que acontece, com o passar da idade é que, apesar de muito pequena, a brecha para uma mulher de 39 anos gerar uma criança com síndrome é maior do que uma de 25 – mas, mesmo assim, continua sendo baixa e isso não é considerado um risco preocupante que contraindique uma gravidez após os 40 anos.
O mais importante é a mulher entender que as chances acabam diminuindo porque os óvulos se tornam mais difíceis de serem fertilizados. Mas, uma vez fertilizado, as chances de ocorrer uma gravidez segura e saudável dependerá absolutamente das condições de saúde da mulher e da assistência e acompanhamento obstetrício.
Maria Letícia Fagundes
Secretária Estadual do PV Mulher