A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, tem elogiado lideranças femininas em todo o mundo pelas respostas “esplêndidas” à pandemia de Covid-19, especialmente quando comparadas com os resultados obtidos por homens.
Lagarde, que já chefiou o Fundo Monetário Internacional, afirmou que as políticas adotadas pelas mulheres chefes de Estado foram proativas e sua comunicação foi clara.
“Eu diria que aprendi que as mulheres tendem a fazer um trabalho melhor”, disse ela, completando: “Esse é o meu viés como mulher e eu me satisfaço por ceder a esse viés.”
Viés a parte, os dados mostram que a afirmação feita por Lagarde está correta.
Os dez países mais afetados pelo novo coronavírus são liderados por homens, seja em número total de casos ou em casos por milhão de pessoas.

É difícil fazer uma comparação sem considerar fatores como os gastos com saúde, turismo e a densidade populacional. Há também um número menor de mulheres no poder, com apenas 10% dos países no mundo governados por elas.
Um estudo divulgado recentemente prestou atenção nessas variáveis, e descobriu que, em qualquer métrica, países liderados por mulheres deram respostas melhores à pandemia do que países liderados por homens.
Ao comparar países com população de tamanho similar, como Irlanda e Nova Zelândia, os pesquisadores descobriram que os países com mulheres nos comando tiveram um número menos de casos de Covid-19.

O estudo, escrito pelas economistas Supriya Garikipati (Universidade de Liverpool) e Uma Kambhampati (Universidade de Reading), trabalhou a hipótese de que países liderados por mulheres se saírem melhor por causa das qualidades dessas lideranças. Estudos anteriores já provaram que mulheres são mais avessas ao risco e favorecem um estilo de liderança que é mais empático e baseado na ciência.
As pesquisadoras sugerem que essas peculiaridades significam que as lideranças femininas são avessas a arriscar vidas, mas estão preparadas para assumir riscos econômicos significativos, optando pelo isolamento social ou até mesmo o lockdown mais cedo.

Priorizar os resultados econômicos é uma das razões para que os Estados Unidos, recordista no número de casos e de mortes, não tenham imposto um lockdown nacional, o que contribuiu para o rápido crescimento dos casos.
Um exemplo contrastante é a Nova Zelândia, liderada pela primeira-ministra Jacinda Ardern, que recebeu reconhecimento internacional pela resposta rápida e forte. O países eliminou o vírus em junho. A Covid-19 voltou ao país, com poucos casos, depois da reabertura das fronteiras, embora o número de infecções não se compare ao visto quando o surto primeiro aconteceu no país.
“Nosso estudo mostra que os resultados da luta contra a Covid-19 são sistematicamente e significativamente melhores em países liderados por mulheres e, de certa maneira, isso pode ser explicado pelas respostas políticas proativas. Mesmo levando em conta o contexto institucional e outros controles, países liderados por mulheres tiveram vantagem nesta crise”, dizem as pesquisadoras.
Fonte: O Globo