A proposta tem como objetivo envolver cerca de 20 países no apoio a instituições de planejamento familiar e recuperar os US$ 600 milhões deixaram de ser repassados a elas com a nova medida do presidente dos EUA

Dias após Donald Trump assinar um decreto que impede o uso de recursos federais no financiamento de ONGs estrangeiras que incluem o aborto como uma das alternativas de planejamento familiar, a Holanda decidiu propor a criação de um fundo internacional que viabilize a prática segura da interrupção da gravidez.
“Estamos conversando com cerca de 15 a 20 países e também com fundações. Além da conexão com uma série de países europeus, com os quais nós já trabalhamos essa questão, também estamos em contato com nações da América do Sul e da África, bem como com fundações. É importante que o incentivo para o fundo seja o mais amplo possível”, declarou ao The Guardian Lilianne Ploumen, ministra holandesa do Comércio Exterior, Desenvolvimento e Cooperação.
A proposta visa, primeiro, cobrir o rombo de US$ 600 milhões que os EUA deixarão de repassar para instituições de planejamento familiar, como International Planned Parenthood Federation e United Nations Population (UNPFA) e Marie Stopes International. Apesar de ser um objetivo ambicioso, a ministra garante estar comprometida e pretende dar início ao financiamento em, no máximo, três semanas.
“Esses programas são bem sucedidos e efetivos. Eles dão apoio direto, distribuindo preservativos, garantindo que as mulheres sejam acompanhadas no parto e garantindo que o aborto seja feito de maneira segura quando não há outra alternativa”, explica Ploumen.
Mesmo que a medida possa causar tensões entre governos, Ploumen disse ser um direito dos holandeses tomar um posicionamento independente. “Sou pró-escolha e pró-direitos das mulheres. É importante se manter firme. Nós respeitamos as decisões de um presidente democraticamente eleito, mas também fomos democraticamente eleitos e podemos tomar decisões diferentes. Estamos falando de milhões de mulheres e meninas que muitas vezes não são ouvidas ou vivem em países com uma democracia menos enraizada. Elas precisam de apoio.”
Dentro de sete semanas, os holandeses devem eleger um novo parlamento, mas a mudança não preocupa Ploumen. “Nosso país tem uma longa tradição em defender os direitos sexuais e reprodutivos. Não vejo problemas”, declarou.
Fonte: Revista Marie Claire