Campanhas de conscientização, acesso à informação e divulgação da Lei Maria da Penha são fatores que incentivam as vítimas a formalizarem denúncias, aponta especialista.
As medidas protetivas são decisões judiciais que visam proteger pessoas em situação de risco, perigo ou vulnerabilidade. Podem ser direcionadas ao agressor, para evitar que ele se aproxime da vítima, ou voltadas para a vítima, assegurando sua segurança, a proteção de seus bens e de sua família.
Em Piracicaba, o aumento na quantidade de decisões judiciais em favor das vítimas vem aumentando ano a ano desde 2021. Os dados são do Painel Violência Contra a Mulher, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), lançado na última terça-feira (11).

Campanhas de conscientização, acesso à informação e divulgação da Lei Maria da Penha são fatores que incentivam as vítimas a formalizarem denúncias contra seus agressores. A pandemia foi um fator agravante dos índices de violência doméstica, pois muitas mulheres foram obrigadas a permanecer em isolamento no mesmo ambiente do agressor e tiveram dificuldade em pedir ajuda. Os índices de fato são alarmantes, mas há uma sinalização de que estamos passando por uma transformação social no sentido de quebrar o silêncio.
A defensora destaca que a medida protetiva é uma ferramenta fundamental para proteger as mulheres da violência doméstica. “Ela garante o distanciamento do agressor de várias, como por exemplo a distância mínima de segurança”, explica.
Jussara lembra que desobedecer a ordem de restrição pode levar o agressor à prisão em flagrante ou preventiva, já que o descumprimento da medida protetiva é crime previsto na Lei Maria da Penha.
“Ela pode determinar o afastamento do agressor do lar, a proibição de aproximação e de contato com a vítima mesmo através de mensagens e outras medidas que garantam a sua segurança. A vítima deve informar que possui a medida protetiva, no local de trabalho, escola dos filhos, academia, familiares e amigos, assim a rede de apoio também saberá quando denunciar”, acrescenta.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/4/u/I6dHZOTpOuIDAPNNxsmg/prisao-por-violencia-domestica-em-piracicaba.jpg)
Prisão por violência doméstica em Piracicaba — Foto: Guarda Civil Municipal
Feminicídios julgados também têm alta
O número de feminicídios julgados também teve alta. Entre 2023 e 2024, o aumento foi de 69,2%.
O feminicídio é todo homicídio praticado contra a mulher por razões da condição do gênero feminino e em decorrência da violência doméstica e familiar, ou por menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
No ano passado, foram 22 julgamentos de autores deste tipo de crime, o maior número em cinco anos. Veja no gráfico:
O acesso a armas de fogo também foi um fator que contribuiu para essa triste estatística. Vivemos em uma sociedade que foi construída com base em uma cultura machista e misógina que ainda persiste, isso objetifica a mulher que muitas vezes é julgada quando faz a denúncia ou expõe a violência que está sofrendo. É imprescindível uma mudança de paradigma, pois essa crença de que o homem tem poder sobre a mulher contribui para a perpetuação da violência. É imprescindível que os agressores sejam punidos exemplarmente para acabar com a sensação de impunidade que assombra as mulheres.