Rayanne Franca, de 25 anos, é uma ativista brasileira da juventude indígena. Desde que deixou sua casa aos 17 anos, embarcou na luta por direitos e reconhecimento. Ela faz parte da Rede de Juventude Indígena (REJUIND) e participou recentemente da 61ª sessão da Comissão das Nações Unidas sobre o Status da Mulher e da 16ª sessão do Fórum Permanente da ONU para Questões Indígenas, realizados em Nova Iorque.
Às vésperas do Dia Internacional dos Povos Indígenas (9 de agosto), Rayanne conversou com a ONU Mulheres sobre as principais preocupações das jovens mulheres indígenas no Brasil. Leia o depoimento.
Rayanne Franca, de 25 anos, é uma ativista brasileira da juventude indígena. Desde que deixou sua casa aos 17 anos, embarcou na luta por direitos e reconhecimento. Ela faz parte da Rede de Juventude Indígena (REJUIND) e participou recentemente da 61ª sessão da Comissão das Nações Unidas sobre o Status da Mulher e da 16ª sessão do Fórum Permanente da ONU para Questões Indígenas, realizados em Nova Iorque.
Às vésperas do Dia Internacional dos Povos Indígenas (9 de agosto), Rayanne conversou com a ONU Mulheres sobre as principais preocupações das jovens mulheres indígenas no Brasil.
Como parte de um projeto da ONU Mulheres denominado “Voz das Mulheres indígenas”, financiado pelo Programa para Povos Indígenas da Embaixada da Noruega, Rayanne organizou e coletou perspectivas de jovens mulheres indígenas brasileiras para serem incluídas na primeira agenda nacional para as mulheres indígenas.
Sua história está relacionada ao Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 5, que visa ao empoderamento de todas as mulheres e meninas, direitos iguais, liderança e participação; assim como ao ODS número 3, que visa a garantir a saúde e o bem-estar, incluindo acesso universal à saúde sexual e reprodutiva.
Leia abaixo o depoimento completo:
“Deixei minha casa e comunidade aos 17 anos. Minha família recebia frequentes ameaças de morte porque meu pai criticava publicamente a corrupção. Quando surgiu a oportunidade de entrar na universidade, minha família quis que eu aproveitasse. Para eles, eu seria menos uma pessoa em risco. Para mim, foi uma jornada rumo à independência e ao empoderamento.
Eu estava entre os 35 estudantes indígenas de cerca de 22 mil estudantes da Universidade de Brasília. Até mesmo os professores nos ridicularizavam. Um professor uma vez perguntou por que estávamos assistindo às aulas, e que deveríamos estar andando nus na floresta.
Me uni à Rede de Juventude Indígena (REJUIND) e comecei a organizar jovens indígenas para combater a discriminação que enfrentavam todos os dias. Formamos a primeira organização de estudantes indígenas da Universidade de Brasília e negociamos políticas específicas para estudantes indígenas.
Cerca de dois anos atrás, entrei no projeto da ONU Mulheres ‘Voz para Mulheres Indígenas’. Conversamos com mulheres de 105 comunidades indígenas e recolhemos suas perspectivas para que fossem incluídas na agenda nacional. Esse é um novo conceito no Brasil — uma agenda para as mulheres indígenas — e, dessa forma, dar voz a jovens indígenas está sendo inovador.
Sou estudante de Enfermagem, e a primeira vez que ouvi falar sobre direitos reprodutivos e sexuais das mulheres foi em 2014, quando participei de uma cúpula regional para mulheres indígenas na Nicarágua. Para as jovens indígenas, o acesso a informação e participação nas políticas públicas permanece um desafio.
Veja o exemplo da participação — organizações internacionais estabelecem espaços e programas para crianças, adolescentes e adultos. Em uma comunidade indígena, se você menstrua pela primeira vez aos 10, você passa a ser considerada mulher. Você é jovem pelo tempo que sua comunidade a considera jovem. Mas isso pode não se encaixar na definição das organizações internacionais.
É hora de o mundo ouvir nossa voz e o país reconhecer as mulheres indígenas como detentoras de direitos iguais”.
Fonte: ONU