Um estudo recente revela que o diagnóstico tardio do câncer de colo de útero eleva significativamente os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Além de reduzir a sobrevida das pacientes, a identificação da doença em estágios avançados demanda mais internações, quimioterapia e procedimentos médicos, pressionando o sistema público.
A pesquisa, conduzida por pesquisadores da MSD Brasil, farmacêutica que produz a vacina nonavalente contra o HPV na rede privada, reforça a importância da prevenção. No SUS, a imunização está disponível gratuitamente na forma da vacina quadrivalente, indicada para adolescentes entre 9 e 14 anos, e protege contra os tipos do vírus mais associados ao câncer de colo de útero.
O estudo analisou 206.861 mulheres com mais de 18 anos, diagnosticadas entre 2014 e 2021, a partir de dados do DataSUS, base pública do SUS. Os resultados mostram que a necessidade de quimioterapia, internações e consultas ambulatoriais aumenta conforme o avanço do câncer. Segundo os pesquisadores, 60% dos casos no Brasil são diagnosticados tardiamente, e mulheres não brancas, com baixa escolaridade e dependentes do SUS representam a maioria dos casos.
“Como apenas uma minoria tem diagnóstico precoce, este estudo evidencia o alto ônus econômico para a saúde pública e reforça a urgência de ampliar esforços em prevenção e rastreamento”, destacam os autores da pesquisa.
Impacto da pandemia
O estudo também evidencia que a pandemia de Covid-19 agravou o cenário do tratamento. Entre 2020, apenas 25,8% das pacientes realizaram cirurgia isolada, contra 39,2% no período de 2014 a 2019.
Houve ainda queda de 25% nos procedimentos de radioterapia e aumento de 22,6% na quimioterapia isolada, refletindo lacunas no atendimento causadas pelo colapso hospitalar, cujas consequências a longo prazo ainda estão sendo avaliadas.
Prevenção e rastreamento são fundamentais
Cerca de 99% dos casos de câncer de colo de útero são causados por infecções persistentes do HPV, o que torna a vacinação e o rastreamento preventivo essenciais. Além da imunização, exames regulares para identificar infecções e lesões pré-cancerígenas são estratégias fundamentais para reduzir a mortalidade e a necessidade de tratamentos complexos.
No SUS, a vacina quadrivalente está disponível para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de grupos específicos de 9 a 45 anos, como pessoas com HIV/Aids, em tratamento oncológico, transplantadas ou vítimas de abuso sexual. Na rede privada, a vacina nonavalente é indicada para pessoas entre 9 e 45 anos.
“O impacto econômico e social do câncer de colo de útero no Brasil é relevante. Este estudo reforça a necessidade urgente de políticas públicas eficazes, que ampliem a cobertura da vacinação contra HPV e garantam rastreamento precoce. Com isso, é possível reduzir a demanda por cuidados paliativos e otimizar recursos, oferecendo às pacientes o melhor tratamento disponível”, concluem os pesquisadores.
Fonte: Agência Brasil