Em Rio Grande da Serra (SP), um projeto que une empatia, sustentabilidade e transformação social tem impactado positivamente a vida de mulheres que enfrentaram o câncer de mama. A iniciativa, chamada Oficina de Costura Sustentável, reúne costureiras voluntárias para confeccionar sutiãs adaptados e próteses mamárias, levando conforto e acolhimento a quem passou pela mastectomia.
A proposta surgiu da união entre a ONG PROFAVI – Promoção a Favor da Vida, a estilista Esmeralda Chagas, a ONG Mãos Criativas, e o apoio do projeto TO em Movimento, patrocinado pela Unipar e pelos Conselhos Comunitários Consultivos de Santo André e Cubatão. O grupo desenvolveu moldes específicos para próteses que são feitas com pellets de PVC doados pela empresa Dacarto, revestidos com manta acrílica e algodão. O resultado é leveza, dignidade e inclusão para dezenas de mulheres.
No último encontro da oficina, realizado na sede da PROFAVI, as costureiras começaram a produção de 70 peças. Foram arrecadados 50 kg de pellets de PVC que serão transformados em esperança — e em autoestima. Para muitas participantes, como a voluntária Denise Santos, que também passou por uma mastectomia, o projeto tem um significado profundo:
“É um projeto que fala de um assunto sério de forma leve e acolhedora. Me sinto honrada em fazer parte disso.”
Uma rede que acolhe e capacita
Além de produzir peças adaptadas, a oficina oferece às participantes a chance de desenvolver habilidades e criar novas oportunidades de renda, valorizando o trabalho manual como forma de empoderamento.
Para a presidente da PROFAVI, Luiza Maria de Jesus Santos, que também enfrentou o câncer, o projeto é a realização de um sonho:
“Passei pelo diagnóstico, pela cirurgia, e senti na pele a angústia de não ter o suporte necessário. Agora, ver outras mulheres recuperando o sorriso com o nosso trabalho é o que me motiva todos os dias.”
A coordenadora de Comunicação da Unipar em Santo André, Wanessa Santana, destaca que o projeto vai além do acolhimento:
“Percebemos que era possível transformar a dor em força e ainda capacitar mulheres para gerar renda. Criamos uma rede de apoio, costurada com afeto e propósito.”
Um novo olhar sobre o recomeço
Dados da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica mostram que, entre 2015 e 2020, cerca de 88 mil mulheres passaram por mastectomia pelo SUS — e apenas 20% delas receberam reconstrução mamária imediata. A iniciativa da oficina busca enfrentar essa realidade com soluções acessíveis e humanas.
Mais do que agulhas e tecidos, o que se costura ali são novas possibilidades. E para cada mulher atendida, uma chance de recomeçar — com autoestima, dignidade e apoio.
Fonte: Terra