Ministra da Igualdade Racial disse estar acompanhando as ocorrências no município; entenda o significado do termo “racismo ambiental e climático”.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse estar acompanhando os efeitos das fortes chuvas que atingem o Rio de Janeiro desde a noite de sábado (13.jan.2024).
Anielle também afirmou que as “iminentes tragédias” decorrentes do temporal –que até a tarde deste domingo (14.jan) já matou 11 pessoas– são fruto dos “efeitos de racismo ambiental e climático”.
A fala da ministra repercutiu nas redes sociais. Dentre as pessoas que comentaram o termo está o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten.
“Alguém me explica o que é ‘racismo ambiental e climático’? É da mesma série do racismo dos estádios em final de campeonato?”, questionou.
A fala é em referência ao episódio em que uma assessora do Ministério da Igualdade Racial disse que a torcida do São Paulo era formada por “descendente de europeu safade” durante o 2º jogo da final da Copa do Brasil contra o Flamengo, no Morumbi, em setembro de 2023. A assessora foi demitida posteriormente.
Além de ministra, Anielle faz parte do Conselho de Administração da indústria metalúrgica Tupy desde o final de agosto. Somando os recebimentos no conselho (R$ 36.115) com o salário como ministra (R$ 41.650), Anielle tem remuneração mensal de R$ 77.765, podendo chegar a até R$ 87.526.
O QUE É RACISMO AMBIENTAL
Myanna Lahsen, antropóloga e pesquisadora da Divisão de Impactos, Adaptação e Vulnerabilidades do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) disse ao Poder360 que o termo se refere à relação entre o espaço e a vulnerabilidade em caso de desastres naturais.
“Significa que quem está mais exposto aos riscos de fenômenos naturais são pessoas pobres –que são majoritariamente pretas e pardas– que moram em locais mais vulneráveis e sem infraestrutura para se proteger contra os elementos como enchentes e deslizamentos.”.
Para a pesquisadora, as mudanças climáticas e os eventos extremos resultantes da atividade humana devem ficar mais intensos. “As tendências para esses eventos aumentaram com as mudanças climáticas. Junta isso à desigualdade pré-existente e quem paga a conta com a vida e as perdas são as pessoas que menos aguentam- as mais pobres”.
No Rio, as chuvas afetaram diversas regiões, inclusive áreas nobres, como a Zona Sul.
Segundo o sistema Alerta Rio, a região da Zona Norte foi a mais afetada pelo temporal. A estação meteorológica do bairro Anchieta atingiu o acumulado de 259,2 milímetros de chuva no período de 24 horas, o recorde em toda a série histórica da estação (iniciada em 1997).
CORREÇÃO
14.jan.2024 (23h20min) – diferentemente do que o post acima informava, a fala da assessora do Ministério da Igualdade Racial foi durante o 2º jogo da final da Copa do Brasil, e não o 1º jogo. O texto foi corrigido e atualizado.
Fonte: Poder 360